Investidores podem enfrentar perdas robustas no mercado e mesmo assim manterem um apego desproporcional a um ativo da carteira. As finanças comportamentais indicam que o “efeito dotação”, em que as pessoas atribuem um valor àquilo que possuem, faz com que seja comum pedir um montante a mais para se desfazer de algo. A aversão a perdas possui uma tendência maior do que o prazer com um ganho da mesma magnitude, o que acaba contaminando a percepção do investidor.
O investidor que tinha ações da Americanas (BVMF:AMER3) no dia 12 de janeiro sofreu, tendo em vista que elas despencaram 77%. No dia 25 de janeiro, foi a vez da IRB (BVMF:IRBR3), que caiu 20%. Neste momento, o investidor pensa se deve aceitar o prejuízo e vender a ação ou se espera para novos fatos que possam impulsionar os papéis novamente. Até que ponto? Esse é o assunto de mias um podcast Estratégia de Carteira. Confira no player abaixo ou acesse na sua plataforma de áudio favorita, como Spotify, Google, Apple Podcasts, Deezer, ou acesse via Anchor.
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Alterou fundamento, mudou estratégia
O investidor só deve manter um ativo com perdas se ainda acreditar nos fundamentos. Se eles mudarem, é o momento de rever o portfólio, de acordo com Leandro de Checchi, analista de investimentos da Clear; Fernando Ferrer, analista Empiricus e Carlos Heitor Campani, sócio da CHC Consultoria e Diretor Acadêmico da Iluminus Academia de Finanças,
Leandro de Checchi, analista de investimentos da Clear, lembra que as oscilações nos mercados de renda variável são recorrentes diante dos ciclos econômicos. “Em um momento de política fiscal expansionista, por exemplo, é natural que a inflação esteja mais pujante e que a taxa de juros aumente. É natural que, nesses momentos, os ativos de riscos tendam a não performar tão bem”. No caso das Americanas, por exemplo, há indicativos de que os fundamentos da companhia mudaram e é o momento de o investidor rever a sua estratégia, alerta o analista.
A orientação é definir, antes de investir, até que ponto uma perda pode ser aceita, segundo Carlos Heitor Campani, sócio da CHC Consultoria e Diretor Acadêmico da Iluminus. “Até que ponto vou acertar uma perda? Aceito uma perda máxima de 30%, se cair mais, acabou. O investidor pode não analisar o cenário, mas definir um stop loss. Essa ação pode até voltar, mas não é o risco que eu quero para mim”.
Fernando Ferrer, analista Empiricus, explica que o investidor tende a se ancorar no preço de compra. “O investidor compra um papel a R$ 10, caiu para R$ 8, ele se mantém apegado até voltar. Isso é uma besteira. Os fundamentos da empresa não têm nada a ver com o preço que ele pagou”, completa.
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