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Estoques de Gás Natural Geram Aflição Após Início de Inverno mais Quente

Publicado 11.01.2019, 06:50
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Os EUA podem ter mais combustível no subsolo do que o necessário para aquecer o inverno, uma constatação que pode fazer alguns investidores do gás natural suarem frio.

Desde meados do ano passado, os investidores que apostavam em preços mais altos para o gás acreditavam que a retirada de extraordinárias quantidades do combustível dos estoques, inicialmente destinadas a fornecer energia aos aparelhos de ar-condicionado e depois aos aquecedores no inverno, resultaria na falta de abastecimento.

Eles estavam corretos, em certa medida.

Gás Natural Gráfico Diário

A temporada de frio de 2018/19, que iniciou na primavera no dia 23 de setembro, apresentou as mais baixas reservas de gás antes do inverno. Das máximas iniciais acima de US$ 3 por milhão de unidades térmicas britânicas (mmBtu), o mercado ficou a apenas 7 centavos de alcançar o elevado patamar de US$ 5 por mmBtu cerca de dois meses antes de o inverno começar no dia 21 de dezembro. Antes disso, o patamar de US$ 5 para gás só havia sido alcançado em 2014.

Desde então, grande parte do fervor altista arrefeceu. Além de não haver um frio tão intenso, a produção recorde do gás e um início de inverno com temperatura temperada forçaram as empresas de abastecimento a armazenar mais combustível e fazer menos retiradas de estoque do que geralmente é necessário para o aquecimento nesta época do ano.

Déficit nas reservas de gás para o inverno está diminuindo, para a decepção dos comprados.

Isso significa que o enorme déficit nas reservas de gás de inverno, com o qual os "touros" do mercado estavam contando, pode em breve ser substituído por um excedente.

O relatório semanal da Energy Information Administration, dos EUA, divulgado na quinta-feira, sobre a oferta e a demanda do gás, mostrou que, em comparação com as reservas do ano passado, o déficit atual é de 7%, sendo que no mês passado era de 20%. Isso aconteceu depois que a retirada de gás para aquecimento na semana passada para ficou em 91 bilhões de pés cúbicos (bpc), em comparação com a média de cinco anos de 187 bpc para essa época do ano e com a gigante retirada de 359 bpc há um ano.

Dan Myers, analista de gás da Gelber & Associates, de Houston, declarou:

“O déficit de estoque caiu significativamente nas últimas três semanas e deve cair mais no próximo relatório de reservas.”

Ele estava se referindo a esta semana, que começou com clima temperado novamente até mudar repentinamente para o frio na quarta-feira.

Apesar dos números baixistas de oferta e demanda, os futuros de gás na Bolsa Mercantil de Nova York retornaram para cima do importante suporte de US$ 3 por mmBtu na quinta-feira. Essa foi a segunda vez no ano em que isso ocorre.

Isso está deixando otimistas os que apostam na alta, como Scott Shelton, corretor da ICAP (LON:NXGN), em Durham, Carolina do Norte, que acredita que o rali de inverno do gás natural pode finalmente acontecer, diante das indicações de que o pior do atual clima quente já pode ter passado. Em uma nota na quinta-feira, Shelton afirmou:

“Parece que os modelos climáticos europeus e americanos estão começando a concordar que este calor está prestes a acabar, com temperaturas mais frias no horizonte. A questão é se o frio será mais intenso do que de costume ou não.”

Preços do gás acima do importante suporte de US$ 3 apesar de números de retirada baixistas

Shelton também acredita que os futuros de gás natural retornaram aos níveis de US$ 3 porque os produtores não estavam dispostos a dar muitos descontos para o gás físico de fevereiro, que tem sido o mês mais frio do inverno nos últimos tempos.

“Acredito que haverá menos resistência no caminho por enquanto", concluiu.

Mas Dominick Chirichella, diretor de risco e negociação do Instituto de Gestão Energética de Nova York, ainda não está seguro de que o clima não representa mais um perigo. Conforme Chirichella afirmou em uma nota emitida na quinta-feira:

“A última previsão do tempo no curto prazo emitida hoje está em harmonia com a previsão de ontem. Há expectativa de temperaturas normais ao longo da costa leste, com temperaturas acima do normal na maior parte do resto do país."

A Reuters também informou que houve 174 graus-dia (GD) de aquecimento (GD) na semana passada, em comparação com os 283 GD na mesma semana do ano passado e uma média de 30 anos de 229 GD para o período. O método graus-dia de aquecimento mede o número de graus que a temperatura média de um dia fica abaixo de 18º C. A medida é usada para estimar a demanda de aquecimento de empresas e residências.

Dúvida sobre a continuidade do clima

Analisando os dados climáticos da semana passada, Chirichella acredita que “o call para o gás natural referente à demanda de aquecimento ainda continuará abaixo do normal para esta época do ano durante o atual período de previsões”. O analista complementou:

“Mantenho minha visão para o gás natural e meu viés cautelosamente baixista, pois o mercado está agora abaixo do suporte de outra consolidação. O padrão climático para o curto prazo deve voltar para temperaturas acima do normal nas principais partes dos EUA."

Mas Myers, da Gelber & Associates, que tem acompanhado as oscilações intradiárias do gás que chegaram a ser de 20% nos últimos meses por causa da má interpretação do clima, está preparado para dar o benefício da dúvida a quem aposta na alta em vista da probabilidade de frio intenso nas próximas semanas, apesar das atuais previsões. Segundo Myers:

“A previsão para a maior parte do clima continua, e apenas algumas semanas de frio constante podem gerar grandes retiradas, fazendo com que os estoques voltem a apresentar níveis precários antes do encerramento da estação.”

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