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Estanho Pode Repetir Recorde Histórico por Falta de Oferta e Depois Afundar

Publicado 12.05.2021, 09:37
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Publicado originalmente em inglês em 12/05/2021

As palavras "estanho” e "prejuízo para os ‘vendidos’” se tornaram praticamente inseparáveis neste ano, já que o metal usado em soldas, tampas de latas e folhas de flandres continua registrando escassez crônica de oferta.

Outra coisa também se tornou permanentemente associada à commodity desde o início de 2021: os preços acima de US$ 20.000 por tonelada.

O contrato futuro de estanho para três meses na Bolsa de Metais de Londres (LME) atingiu as máximas de 10 anos a quase US$30.243 por tonelada em 6 de maio, após começar o ano a US$ 20.315. Isso foi suficiente para torná-lo o metal de base com melhor desempenho na LME, graças a uma valorização de 48% no ano.

Com base em sua atual trajetória, o estanho pode continuar disparando até repetir seu recorde de 2011 a US$ 33.500. A partir daí, pode até continuar subindo um pouco, porém o mais provável é que recue se as commodities estiverem prestes a sofrer uma “profunda correção”, como vaticinou a gestora de fundos Cathie Wood, da ARK Invest. O gráfico de preços do estanho também sinaliza exaustão após uma longa corrida de alta.

O rali praticamente sem paradas do metal começou, na verdade, em abril de 2020, apenas um mês depois da emergência mundial da Covid-19.

A demanda por commodities como o estanho não para de crescer, mesmo em uma pandemia, já que as pessoas não param de comprar alimentos enlatados.

Mas as cadeias de fornecimento, produto e transporte de matérias-primas não conseguem acompanhar o ritmo da demanda por causa das restrições. E esse desequilíbrio, combinado com estímulos constantes de demanda, fez com que os preços das commodities disparassem, o que pode elevar os custos de manufatura e a inflação, caso sejam repassados aos consumidores.

Assim, nos últimos 14 meses, os preços do estanho só ficaram negativos por dois meses, em agosto e setembro.

Uma breve história sobre o uso do estanho

O estanho é um metal prateado e maleado, produzido principalmente na China, Malásia, Indonésia, Peru, Tailândia, Bolívia e Mianmar.

Associado a outros metais, o estanho pode ser usado para produzir ligas com qualidades muito superiores do que seus elementos constituintes isolados.

Como observou Thayer Watkins, professor de Economia da Universidade Estadual de San Jose, Califórnia, a adição de estanho ao cobre na proporção de um décimo consegue produzir um bronze muito mais rígido e resistente. “O bronze se tornou tão importante que uma das mais importantes eras da humanidade foi chamada de Idade do Bronze”, escreveu Watkins. “A Idade do Bronze só deu lugar à Idade do Ferro quando a oferta de estanho se tornou escassa para as civilizações do leste do Mediterrâneo”.

O uso moderno mais importante do estanho é na selagem de latas de alumínio para conservação de alimentos.

A liga de estanho e chumbo é também usada atualmente para fabricar solda. A liga de estanho, chumbo, cobre e antimônio, chamada “metal patente”, é usada em rolamentos de máquinas. Os caracteres tipográficos de impressão são feitos de liga de estanho, chumbo e antimônio. O peltre, metal usado para utensílios no passado, é uma liga de estanho, antimônio e cobre.

O estanho pode fazer liga inclusive com o ferro. O ferro com uma pequena porção (cerca de 0,1 a 1%) de estanho é usado em blocos de motores de veículos.

A maleabilidade e ductilidade do estanho também permitem que ele seja usado na produção de folhas metálicas. No passado, já se chegou a usar folha de estanho no invólucro de gomas de mascar, que foi substituída pela folha de alumínio, que é mais barata. Vale lembrar que o estanho também já foi usado na produção de bisnagas de cremes e loções até sua substituição pelo plástico mais barato.

Restrição de oferta e disparada dos preços

Os preços à vista do estanho estão cotados em torno de US$ 33.100, um prêmio de mais de US$ 2.850 sobre o contrato futuro de três meses, já que os armazéns da LME registram quedas contínuas nos estoques.

A restrição da oferta física de estanho tem gerado esses prêmios recordes tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, devido a atrasos no frete marítimo de contêineres provenientes da Ásia.

O enorme prêmio na pronta entrega de estanho tem incentivado a entrada de metal nos armazéns aduaneiros, mas não em volume suficiente para satisfazer a voracidade do mercado.

A China, que geralmente era uma importadora do metal, passou a ser exportadora líquida de estanho nos últimos meses, já que as remessas da Indonésia, maior exportadora mundial, caíram 24% no primeiro trimestre de 2021.

Como informou a Reuters em uma reportagem de meados de março, o estoque global de estanho ainda “estava muito baixo para os padrões históricos” e todas as entregas recentes vinham da Ásia.

“Faltava produto na Europa e Estados Unidos, assim como nos armazéns da LME, no final de janeiro”, disse a matéria.

Os estoques da LME retratam a realidade física da cadeia mundial de fornecimento de estanho.

O estanho deve ser um dos maiores beneficiários da chamada quarta revolução industrial. Também está passando por um período de intensa pesquisa e desenvolvimento, que pode se traduzir na ampliação dos seus usos potenciais.

Mas o investimento em novas minas de estanho tem sido inconsistente, para dizer o mínimo. O maior aumento na oferta mineral na última década veio do imprevisto boom de estanho de Mianmar, onde a produção já dá sinais de pico.

Evidentemente existe uma pequena oferta consistente de estanho disponível na Ásia, graças a um conjunto de produtores na Malásia, Tailândia e Indonésia, mas está praticamente presa nessa região devido aos transtornos no mercado de navios cargueiros. Só existe um grande produtor de estanho na Europa e nenhum nos Estados Unidos, deixando sem alternativa os compradores no mercado à vista.

A Indonésia, maior exportadora mundial do metal, não está conseguindo atender a demanda. A China, maior produtora mundial, era uma importadora líquida do estanho refinado na última década.

Os compradores norte-americanos podem ter um alívio de curto prazo, já que a Agência de Logística de Defesa prepara-se para vender seu primeiro metal em uma década, mas não há sinais de solução para a escassez de oferta subjacente no futuro próximo.

O consenso é que a produção mundial de estanho irá se recuperar após um ano de distúrbios causados pela Covid-19, mas evidentemente levará certo tempo para o reabastecimento da cadeia de fornecimento.

“No curto prazo, ainda há espaço para alta, desde que a Indonésia continue registrando quedas nas remessas e a demanda interna na China restrinja as exportações”, disse o portal tradingeconomics.com em uma reportagem.

Para onde vão os preços do estanho a partir de agora?

Apesar da probabilidade de oferta escassa de estanho, os gráficos técnicos sugerem que os preços do metal devem corrigir assim que repetirem o recorde de abril de 2011 a US$ 33.500, segundo o analista Sunil Kumar, de Kolkata, Índia.

Estanho diário

Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting

Em uma análise exclusiva para o Investing.com, Dixit reconheceu que o estanho futuro na LME manteve um forte movimento vertical após o rompimento técnico de US$ 22.000, com uma consolidação de longo prazo.

“O suporte de curto prazo está na média móvel exponencial de 5 semanas a 26647, afirmou. “Já o suporte de médio prazo está na média móvel simples de 20 semanas, a 24894.”

Estanho semanal

Nesse cenário, Dixit afirma que as mudanças de tendências de médio prazo com preços abaixo de 24894, com base na MME de 50 semanas a 22000, seriam o primeiro alvo confiável. Sua projeção mostra que a força de alta pode continuar desde que a MME de 5 semanas continue intacta a 28523.

“O IFR diário e semanal mostra bom espaço para um movimento até o recorde histórico de 33,500, formando um topo duplo e possivelmente um reteste de 22000 em um período maior. O IFR de longo prazo está saturado em 100/100, o que exige cautela para uma correção iminente”.

Estanho mensal

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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