- A perspectiva de demanda mais fraca no setor automotivo pesou sobre os Metais do Grupo Platina (MGP) neste ano, principalmente sobre o paládio;
- Desde maio, a platina e o paládio se movimentaram na mesma direção durante o repique do dólar;
- Para se recuperarem, o paládio e a platina precisam romper resistências a US$ 1.324 e US$ 973, respectivamente.
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Paládio
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Platina
A demanda industrial mostrou sinais de fraqueza para a platina e o paládio no último ano, e os dois metais usados em catalisadores de automóveis seguiram correlacionados com os altos e baixos do ouro, à medida que o dólar se fortalecia e fazia os três se desvalorizarem.
Desde maio, os contratos futuros da platina e do paládio na Comex de Nova York se movimentam na mesma direção no período mensal.
O platina teve uma queda de 18% no acumulado de maio e junho. Depois, recuperou cerca de 5% em julho. Na abertura do mês de agosto, o metal apresentou uma queda de 2%.
Já o paládio se desvalorizou quase 20% no acumulado de maio a junho. No mês passado, subiu mais de 4%. No início deste mês, terminou a primeira sessão com uma queda de 3%.
O ouro também subiu 4% em julho e registra queda de mais de 1% no começo de agosto, à medida que o dólar segue se recuperando das mínimas de 15 meses de julho.
“O impulso positivo do mês anterior na platina e no paládio foi uma reação à fraqueza do dólar e, agora, o fortalecimento da moeda americana parece contribuir para a fraqueza nos dois metais”, afirmou o analista técnico de commodities Sunil Kumar Dixit. De acordo com o especialista:
“Esperamos que o dólar fique mais forte, o que pode causar novas quedas nos dois metais do grupo do platina (MGP)”.
No entanto, no ano até agora, os MGP estão bem diferentes.
A platina, um importante purificador de gases de escape no conversor catalítico de carros a diesel, apresenta queda de 14% no ano. Já o paládio, que desempenha a mesma função de purificação de gases em motores a gasolina, está com uma queda surpreendente de 32% no ano.
Contexto
As oscilações do dólar este ano, que se movimentou mais para cima do que para baixo, têm causado bastante volatilidade em algumas commodities, inclusive os dois MGP.
Dos dois metais de catalisadores automotivos, o paládio está mais valorizado do que a platina por seu uso em carros a gasolina, que dominam o mercado global.
No entanto, a perspectiva econômica global mais fraca, causada por problemas de crescimento na China e preocupações constantes com uma recessão no Ocidente - especialmente a Europa mais do que os EUA -, acabou pesando muito sobre o mercado automotivo e o paládio.
Em março de 2022, o paládio atingiu um recorde de US$ 3.440,76/onça no mercado futuro de Nova York. Esse rali ocorreu depois que a Rússia, importante produtora, invadiu a Ucrânia e interrompeu o fluxo não apenas do paládio, mas também de outras commodities relevantes, gerando uma reação dos governos ocidentais, que aplicaram pesadas sanções contra Moscou.
No momento da redação do artigo, nesta quarta-feira, 2, o contrato mais ativo do paládio com entrega em setembro na Comex de Nova York estava em torno de US$ 1.223/onça. Ele encerrou o ano passado em US$ 1.806,70.
Já a platina estava um pouco abaixo de US$ 933 no momento da redação. Ela fechou 2022 a US$ 1.086.
Perspectiva para os MGP
Todos os gráficos são de SKCharting.com, com dados do Investing.com
O panorama geral ainda é delicado, e o preço se mantém em uma faixa limitada pela média móvel simples (MMS) de 100 meses em US$ 1.455 como obstáculo e pela MMS de 200 meses em US$ 1.008 como suporte, segundo o analista técnico Dixit.
A barreira mais próxima está na média móvel exponencial (MME) de 5 meses em US$ 1.324, seguida pela metade da Banda de Bollinger semanal em US$ 1.390.
“Se romper US$ 1.390, o caminho ficará livre para a próxima pernada de alta até a MMS de 100 meses em US$ 1.455, e depois até a MME de 50 semanas em US$ 1.590”, afirmou Dixit, complementando:
“Se perder US$ 1.187, a queda continuará até a MMS de 200 meses em US$ 1.008.”
A visão mais ampla revela um preço consolidado sob a MME de 5 meses a US$ 963, que impede o progresso positivo do mês passado, enquanto a MMS de 100 meses em US$ 957 representa um desafio imediato que precisa ser vencido para retomar a tendência de alta.
“A visão de curto prazo tem alguma chance de uma recuperação até a MME de 50 dias em US$ 973, avançando pela zona”, disse Dixit. “Isso eventualmente levará o movimento ascendente até a confluência da MMS de 200 dias em US$ 1006 e a MMS de 100 dias em US$ 1.009.”
“Mas se perder o suporte principal de US$ 894, o repique será invalidado.”
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Aviso: O conteúdo deste artigo é puramente educativo e não representa qualquer recomendação de compra ou venda de qualquer ativo tratado. O autor Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve. Ele geralmente utiliza uma variedade de visões além da sua para promover a diversidade da análise de qualquer mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias.