Invista apenas o dinheiro que você pode esquecer.
A maior vantagem que um investidor pode ter é o foco no longo prazo.
A maioria dos agentes no mercado financeiro está preocupada com flutuações no curto – médio prazo, e tomam atitudes de compra ou venda em virtude de previsões nas oscilações do preço, mesmo quando o business por trás da ação está estático.
O investimento em valor se baseia na arbitragem de tempo.
Comprar um ativo subavaliado com relação aos fluxos de caixa que ele vai gerar ao longo dos anos, com uma margem de segurança, e esperar pacientemente que seu valor real seja refletido no preço.
Um investidor de valor não se sente “mais rico” ou “mais pobre” se suas ações sobem ou caem 5% em um determinado dia.
A capacidade de geração de dinheiro da empresa, ao longo dos anos, ficou 5% maior ou 5% menor? Na esmagadora maioria das vezes, a resposta é não. E se a resposta é não, o valor não mudou.
O que mudou foi a opinião das pessoas, que negociam ações por inúmeros motivos. Raramente esse motivo se baseia na discrepância entre preço atual e o valor intrínseco da ação.
Por isso, novamente, invista apenas o dinheiro que você pode esquecer.
Um indivíduo não consegue tomar decisões racionais quando sua qualidade de vida depende de seus investimentos.
Caso a pessoa precise do capital que está alocado em ações para sobreviver, ela pode ser obrigada a vender suas posições em momentos em que os ativos estão ainda mais descontados do que o momento em que foram adquiridos.
Ray Dalio, investidor bilionário e gestor do fundo Bridgewater Associates (com US$ 124,7 bilhões sob gestão), alerta que um investidor deve estar consciente de que cada classe de ativos deve cair pontualmente 50% ou mais ao longo de uma vida de investimentos, mas nem por isso deve se abalar e questionar seus princípios.
É nesses momentos de pânico que o investidor deve ser racional. Nessas situações encontramos “1 real sendo vendido por 50 centavos”.
Assim, uma estratégia de investimento em valor deve ter um horizonte de longo prazo.
A montanha russa nas cotações, entre o momento de compra e o momento de venda de uma ação, é irrelevante.
Por isso, em algumas ocasiões, mesmo tendo comprado 1 real por 50 centavos, o investidor pode ver suas ações caindo ainda mais.
É impossível prever qual será a mínima, “o fundo do poço” na cotação, então o foco não deve estar em obter a maior barganha possível.
O foco é analisar empresas que estão dentro do círculo de competência individual, ou seja, empresas que podemos entender, e investir apenas quando essas empresas são negociadas com um desconto perante seu valor intrínseco, com uma margem de segurança.
Mesmo cumprindo os pré-requisitos, um investidor pode passar por períodos de performance inferior.
Como o investimento em valor não está correlacionado com as oscilações do mercado de ações, deve haver momentos em que a estratégia de valor tenha um desempenho inferior ao mercado geral.
Um exemplo foi no fim dos anos 90, quando as empresas de internet estavam cada dia com cotações mais valorizadas, mas Warren Buffett optou por não investir nelas, abrindo mão dos ganhos fabulosos que alguns estavam tendo.
A euforia aconteceu, pois, as pessoas estavam comprando a promessa de que a internet teria muito sucesso. E de fato teve.
Mas existiam centenas de empresas “promissoras” que não geravam caixa, e nem tinham vantagens competitivas. Estavam com um otimismo infundamentado embutido em seus preços.
Depois que a bolha estourou, Buffett estava de volta ao seu lugar habitual, com retornos superiores.
Lembre-se do conselho de Buffett sobre medo e ganância: “Tenha medo quando os outros estiverem gananciosos e seja ganancioso quando os outros tiverem medo.”