Não vou aqui perder o meu — e o seu — tempo pregando as benesses do ESG para os já convertidos.
Sustentável, bem-estar para todo mundo e dá dinheiro. Óbvio que faz sentido. É um conceito antigo e, por isso mesmo, tem futuro. Lindy effect.
Lembra?
Na década de 1920, Ludwig von Mises já havia decifrado o ESG com sua brilhante observação sobre o negócio de restaurantes:
"Em um restaurante, não há qualquer distinção relevante a ser feita entre o valor criado pelo funcionário que cozinha os pratos e o valor criado pelo funcionário que passa pano no chão."
Quase ninguém vai jantar em um lugar que tem comida deliciosa e também atrai ratos perambulando no entorno (o "quase" fica por conta dos tempos de bandejão da Física, certo Ruy?).
Então, estamos combinados: ESG é uma ideia legal, devidamente embasada.
Mas nem por isso vamos criar uma seita do ESG.
Eu gosto de pão de queijo, mas não estou interessado em frequentar um culto no qual súditos veneram um pão de queijo gigante.
Dito isso, dirijo-me agora às pessoas que encaram a questão do ESG com um certo ceticismo, que não desejam comprar esse pacote fechado, sem averiguar suas entranhas.
Eu mesmo sou uma dessas pessoas.
Estive pensando comigo mesmo, e concluí que existe pelo menos um ótimo motivo para gostar do ESG. Ironicamente, esse motivo tem pouco a ver com o meio ambiente, valores sociais ou governança. Ele decorre, simplesmente, da seguinte proposição:
Quando você tem que satisfazer as necessidades e preferências de diversos tipos de consumidores, você — automaticamente — está se preparando para vários futuros diferentes.
Sob um ponto de vista evolucionário e de macrogestão de riscos, é absolutamente saudável que existam demandas e ofertas focadas em ESG.
Na pior das hipóteses, estamos gerando uma pulverização das fontes de energia. Na melhor das hipóteses, trata-se do único caminho possível.