O noticiário político atinge em cheio a semana de resultados das empresas.
Por um lado, as manchetes sobre a PEC dos Precatórios e o novo Bolsa Família fazem o vento soprar contra a Bolsa. Por outro, temos alguns resultados espetaculares das companhias que compõem as diversas carteiras recomendadas da casa.
Qual será a vencedora desse duelo? A maré político-eleitoral ou a capacidade de execução das empresas?
O Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34) soltou um belo resultado na última quarta-feira. Mesmo com a (esperada) desaceleração do crescimento de GMV, a companhia entregou uma receita que cresceu 103% ano contra ano. A beleza desse negócio, olhando à frente, deixou de ser somente sua execução no comércio eletrônico per se.
Agora, a empresa intensifica a monetização da sua base de milhões de usuários por meio do Mercado Pago (adquirência), do Mercado Crédito (empréstimos), do Mercado Envios (logística), e tem mais por vir… O Mercado Livre já oferece diversas opções de investimentos para os clientes que têm conta na sua carteira digital.
No dia seguinte à publicação dos resultados, o papel da gigante subiu 15%. Merecido.
O Iguatemi (SA:IGTA3), que soltou seu resultado ontem depois do fechamento do mercado, mostrou que aqui tem reabertura, sim, com as vendas somadas dos seus lojistas crescendo 354% em relação ao segundo trimestre do ano passado. Tudo bem, a base comparativa não é muito difícil, mas que as coisas estão voltando ao normal para a companhia, estão.
O BTG Pactual (SA:BPAC11), figurinha carimbada nas carteiras aqui da casa, entregou uma receita 25% acima da expectativa e atingiu um retorno sobre o capital do acionista de 21,6%. Importante notar que esse patamar de retorno é ouro entre os bancos tradicionais — além do BTG, somente o Santander Brasil (SA:SANB11) (outra figurinha carimbada) atingiu algo similar no segundo trimestre.
A divulgação de BPAC foi agora de manhã, e minha expectativa é de uma reação positiva do papel.
Há algumas semanas, Howard Marks soltou seu aguardado memorando periódico. O tema da vez foi justamente o duelo entre cenário e entrega. “Thinking About Macro” é o título da carta, e nela o investidor americano prega que o microeconômico triunfa, enfim, sobre o macro — mais cedo ou mais tarde. Eu tendo a concordar; afinal, não é para gerar alfa que trabalho todos os dias?
E, no meio do caminho, teve muito, mas muito vento macroeconômico contra. Como o escopo da carteira é global, os precatórios são apenas um dos problemas. Lembremos que teve intervenção chinesa, variante delta e sabe-se lá o que mais vai acontecer neste mundão. Estaremos aqui trabalhando para fazer o micro triunfar, sempre.
Tem mais resultados por vir nesta semana. A agenda dos analistas está cheia; eu que o diga.
Aguardo ansiosamente, inclusive, as divulgações das empresas da nova carteira ESG. Para citar alguns nomes, nesta semana temos os resultados de Raia Drogasil (SA:RADL3) e Natura (SA:NTCO3). Em breve mais detalhes desse novo portfólio, que carinhosamente chamo de “Oportunidades ESG”.
Enfim, de volta à nossa batalha filosófica.
O prospecto desta temporada é de mais um round do fundamento triunfando sobre o macroeconômico. Acompanharemos de perto, sempre mantendo você atualizado — ou atualizada.
Um abraço