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Entre céus e terra: Perspectivas de um pouso suave na economia americana

Publicado 15.11.2023, 10:00
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No cenário complexo e interconectado dos mercados financeiros, observar as nuances das variáveis econômicas é crucial para antecipar tendências significativas. Nos últimos meses, temos testemunhado sinais marcantes de desaceleração em três indicadores fundamentais da economia americana: o mercado de trabalho, a atividade econômica e os índices de inflação. Essa tríade de desaceleração, apesar de inicialmente evocar preocupações, também pode ser interpretada como um prenúncio de um possível "soft landing" para a maior economia do mundo, uma vez que essa desaceleração é uma evidência material de que os efeitos das políticas monetárias contracionistas do Federal Reserve estão sendo transmitidas para a economia real, e estão fazendo sentir através do seu impacto subjacente.

Os mercados, ao precificar um "soft landing", já converteram os indicadores econômicos em sinais tangíveis. Assimilando o horizonte de eventos captados pelos indicadores econômicos, os investidores, por meio de sinais de preços e cálculos econômicos, traduziram as condições de mercado em realidades concretas. Este fenômeno é evidente na valorização de ativos de risco, como ações, refletindo a confiança dos investidores em uma transição suave da economia e melhores condições tanto de financiamento, por parte das empresas, quanto de crédito e demanda por parte dos consumidores. Concomitantemente, observamos a queda nos yields, indicando uma redução nas expectativas de taxas de juros de títulos, com a consecução efetiva da transmissão da política monetária contracionista. Naturalmente, com a queda dos juros futuros, os títulos estão perdendo a atratividade que tinham outrora, assim como o apelo do dólar como reserva de valor, fazendo o seu câmbio se desvalorizar, além de uma possível expansão da base monetária futura, que poderá aumentar a oferta de dólares na economia pode estar deprimindo a compra pela moeda. A seguir farei uma breve apanhado dos sinais que a economia americana transmite que corroboram (ou não) para com o "soft landing".

O mercado de trabalho, o primeiro indicador que demonstrou alguma reação à política monetária contracionista, começou a dar sinais de fraqueza em setembro, quando o desemprego se manteve na mesma taxa de agosto, quando os ciclos de mercado de alta frequência (padrões característicos de fatores de mercado que se repetem em um ciclo de curta duração) calculavam uma redução desse numerário. Após isso, em outubro, a taxa de desemprego subiu para 3,9%, aumentando 0,1% quando comparado com agosto e setembro. O Payroll, que fornece informações sobre o número total de empregos criados ou perdidos no setor não agrícola, mostrou um aumento menor do que o estimado pelo mercado. Os Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego também mostraram uma dissonância de 7.000 pedidos a mais do que o esperado. Todos esses indicadores mostram que as empresas privadas estão se adaptando para com as políticas monetárias contracionistas, que, retirando a liquidez do mercado, além de tornarem mais caro o crédito e, consequentemente, o lucro das mesmas por meio da diminuição da demanda por bens e serviços, também dificultam o financiamento para com a expansão das suas operações e o recrutamento do capital de giro, que torna inviável a manutenção de uma folha de pagamento extensa.

Os indicadores de atividade, que também incluem os indicadores do mercado de trabalho, também demonstraram que começaram a sentir os efeitos contracionistas da política monetária. O Índice de Confiança Empresarial caiu de 49 para 46,7. A Confiança do Consumidor diminuiu de 63,8 para 60,4. Além disso, as Vendas no Varejo parecem ter perdido momentum, crescendo agora de forma menos acelerada. Apesar disso, os gastos pessoais e o crédito parecem ter aumentado, corroborando com a narrativa de que, com a escassez das poupanças acumuladas durante a pandemia, quando a atividade diminuiu e as medidas expansionistas cresceram, o gozo desse capital acumulado, demonstrado pela forte atividade durante o ano, parece ter chegado ao fim, e muitos estão recorrendo ao crédito, apesar das taxas relativamente altas. Importante dizer aqui, que a atividade econômica, apesar de ter sentido o impacto das políticas monetárias contracionistas, permanece robusta, e isso é um fator positivo, uma vez que se a atividade sentisse profundamente esses efeitos, a tendência era de que os EUA estariam passando por uma recessão.

A inflação também desacelerou em novembro, permanecendo estável durante o mês. Na base de comparação anual, a inflação caiu de 3,7% em setembro para 3,2% em outubro. Os núcleos também se mostraram mais lentos do que o esperado, acelerando 0,2% em outubro, 0,1% menos do que o esperado. Anualmente o núcleo do CPI está em 4%. O CPI demonstra que, apesar da demanda agregada ainda estar aquecida, parece que as pressões inflacionárias de demanda parecem estar arrefecendo, principalmente na inflação cheia, refletindo também a diminuição dos preços dos componentes voláteis, dando um alívio para os bancos centrais.

No contexto desses indicadores, o desenrolar da desaceleração econômica nos EUA suscita um olhar cauteloso sobre o futuro imediato. Embora os mercados tenham assimilado os sinais de um possível "soft landing", a evolução desses indicadores sugere uma adaptação gradual às condições monetárias contracionistas. A complexidade do ambiente atual requer uma análise contínua e sensível aos detalhes, especialmente diante da interconexão global dos mercados. A incerteza persiste em relação à trajetória precisa da economia americana, com variáveis como a persistência da desaceleração do mercado de trabalho, o impacto contínuo nas atividades empresariais e a dinâmica da inflação ainda sendo fatores cruciais a serem monitorados de perto, uma vez que se as condições de arrefecimento da atividade perdurarem por muito tempo, a chance de uma recessão se eleva, mas, por enquanto, a reação da economia americana para com as políticas monetárias contracionistas do Federal Reserve estão se mostrando (apesar do "lag" da transmissão imediata dessas políticas por fatores endógenos do país e do seu sistema financeiro) suaves e bem-sucedidas.

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