A colheita da safrinha no Centro-Sul brasileiro está a todo vapor. Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até meados desta semana cerca de 20,4% da área semeada nesta temporada já havia sido colhida.
Embora o rendimento seja satisfatório na maioria das regiões, os trabalhos de retirada do cereal do campo estão difusos entre os estados. Enquanto Mato Grosso está com cerca de 42,0% da área colhida, o Paraná ainda está no início, com apenas 3,0% até o momento. Como o Mato Grosso é o estado mais relevante na produção de segunda safra, longe do segundo, vale a pena dar um foco na dinâmica atual.
Por mais que o produtor esteja capitalizado nos últimos anos, as tecnologias e os silos bolsas tenham ganhado força, a armazenagem ainda é um ponto de preocupação, principalmente diante de uma safra aproximadamente 40% maior comparada a temporada 2020/2021. Acompanhe na figura 1 a evolução do déficit de grãos no Mato Grosso nos últimos anos.
Como a alta do frete invariavelmente acaba “caindo no colo” do produtor, a produção será a mais robusta das últimas cinco temporadas, em nossa opinião, o quadro acima mostra uma realidade de entrada de cereal muito mais rápida do que a capacidade de armazenagem ou comercialização em 60 dias. Este ponto deve colaborar para pressionar negativamente as cotações no mercado interno em curtíssimo prazo, já que o consumidor está cauteloso nas compras neste momento. “É milho que tá entrando”.
Pelo lado do boi gordo, os últimos dias tiveram poucos acontecimentos do lado dos fundamentos. No entanto, os fundamentos de médio prazo continuam relativamente sólidos.
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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apurou o maior nível de consumo das famílias desde maio de 2020. Este indicador tem subido consecutivamente e bateu a quinta alta seguida no mês anterior. De acordo com a pesquisa, todos os itens colaboraram de forma positiva, mas o destaque foi para o indicador de “emprego atual”.
Confirmando esse indicador de maio, hoje (30/6) foram divulgados os dados de desemprego do Brasil pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que caiu para 9,8%. É a menor taxa no trimestre desde 2015.
Ao que tudo indica, deve haver uma melhora no consumo doméstico já para meados e final de 2022. Mesmo que a exportação seja uma importante válvula de escape da produção, nosso mercado interno com força faria toda a diferença.
Olhando para os embarques, os dados divulgados até o momento mostram um desempenho tão forte quanto houve no mês anterior, só que com o dólar em níveis mais altos, o que estimula o exportador a ser mais agressivo nas compras e atender esse nicho. Pensando numa expressão para o segundo semestre, seria: “É boi que sai”.