A curva de juros é um conceito amplamente discutido nos noticiários financeiros e uma peça-chave para investidores em busca de informações sobre renda fixa e variável. Diversas curvas de juros existem, como a curva de crédito privado, mas, neste artigo, focaremos na curva de juros dos títulos soberanos do governo.
Antes de mergulharmos nos detalhes, vejamos a relação entre tempo e juros, representada graficamente. Imagine que você emprestou dinheiro ao seu primo por uma semana. Qual a probabilidade de ele não lhe pagar em uma semana? Muito baixa, visto que ele está empregado e com suas contas em dia. Agora, e se você emprestasse o dinheiro por um mês? E se fossem 10 anos? Como percebemos, quanto maior o período de empréstimo, maior o risco envolvido, o que, por sua vez, exige um retorno maior.
Para cada prazo de vencimento (ou tempo), existe uma taxa de juros diferente. A estrutura a termo da taxa de juros, ou curva de juros, é a representação gráfica das várias taxas de juros em diferentes prazos de vencimento.
A curva de juros pode assumir três formas principais: normal, plana ou invertida. Uma curva invertida, onde as taxas de juros são menores para prazos mais longos, geralmente indica recessão ou alguma anomalia do mercado. Até aqui, já compreendemos o que é a curva de juros: ela tem o tempo no eixo horizontal e a taxa no eixo vertical. No entanto, qual é o seu significado prático? A curva de juros representa a expectativa do mercado em relação à trajetória da taxa Selic.
Ela é calculada com base em contratos futuros de juros, chamados de contratos futuros de DI. Para ilustrar, considere o seguinte exemplo:
Se você possui um contrato DI de um ano com uma taxa pré-fixada de 11%, essa é a expectativa média do mercado para a taxa Selic em um ano. Isso não significa que a Selic estará exatamente em 11% daqui a um ano, mas sim que a expectativa é de uma média de 11% ao longo do período. Se a Selic estiver atualmente em 12%, isso indica que o mercado está precificando que a Selic chegará a cerca de 10% daqui a um ano, resultando em uma taxa média de 11% ao longo desse período.
Como essa informação orienta seus investimentos?
Se a realidade corresponder às expectativas do mercado, a escolha entre um título pós-fixado de um ano e um título pré-fixado de um ano não fará diferença. No entanto, na maioria das vezes, se você possui um bom entendimento de economia, pode analisar a curva de juros e identificar se o mercado está precificando cenários positivos ou negativos.
Dois cenários principais afetam diretamente seus investimentos em relação às taxas de juros. O primeiro é o aumento das taxas de juros, representado pela abertura da curva de juros, o que, por sua vez, leva a uma queda nos preços dos títulos de renda fixa.
O segundo cenário é o inverso: o fechamento da curva de juros. Assim como a curva de juros pode se abrir, ela também pode se contrair, como ocorreu com os investidores que adquiriram títulos no Brasil no ano passado. No gráfico abaixo, é possível ver a curva de juros de um ano atrás (em azul claro) comparada à curva atual (em roxo).
Em resumo, a curva de juros é uma representação gráfica que mostra diferentes tipos de títulos com diversos prazos de vencimento no eixo horizontal e diferentes taxas de juros no eixo vertical. Sempre que essa curva se eleva, isso tende a ser desfavorável para os mercados, enquanto uma curva em queda geralmente é positiva para os mercados. Portanto, compreender a curva de juros pode ser uma ferramenta valiosa para tomar decisões de investimento informadas.