A revolução financeira digital já conquistou uma parcela significativa dos clientes dos bancos tradicionais. O Pix e o recém-divulgado Open Banking já são uma realidade dos brasileiros. Nessa revolução financeira, também estão as fintechs, startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro. Elas chegaram para desburocratizar o sistema bancário e descentralizar a soberania dos grandes bancos, conseguindo prestar serviços ao mercado de forma individualizada e especializada. As fintechs têm um custo operacional muito menor que as instituições tradicionais do setor e utilizam tecnologia para gerar soluções inovadoras.
Um bom exemplo a ser usado sobre o comparativo das fintechs com os grandes bancos é esses sendo um navio de grande porte navegando nas águas de um rio enquanto as fintechs são jet skis. Digo isso pois manobram mais rápido. Imaginem se um navio precisa manobrar em um rio, com as margens delimitando? É isso que acontece. Os grandes bancos não conseguem atender todas as necessidades, pois não são capazes de “manobrar” na proporção e rapidez que o mercado precisa, enquanto as fintechs conseguem fazer esse trabalho de maneira rápida e eficaz.
A última edição do Radar FintechLab revelou que o volume total de fintechs e iniciativas de eficiência financeira chegou a 771 em agosto de 2020 em todo Brasil. Em um mercado com uma concorrência cada vez maior, a segmentação do negócio, por meio do reconhecimento de um nicho, tem sido uma excelente solução. A segmentação não é uma estratégia exatamente nova – os Estados Unidos já seguem esse caminho desde os anos 80.
As fintechs podem ou não oferecer todos os serviços habituais de um banco, como empréstimos e financiamentos, cartões de crédito, seguros, poupança etc. Elas também podem ser especializadas em um dos serviços, como uma fintech que oferece crédito para negativados. Quando uma fintech é especializada, chamamos de fintech de nicho. Elas resolvem “dores” específicas do mercado, e essa possibilidade de ganhos em escala é muito alta, pois são segmentadas em sua grande maioria em um único produto.
As fintechs de nicho também podem oferecer serviços financeiros mais customizados para as necessidades específicas de grupos, como um grupo de franqueados, uma associação, entre outros. Ao oferecer soluções personalizadas para seus clientes, essas fintechs ajudam os negócios a não perder o foco, já que 90% do mercado de ofertas de produtos financeiros com marcas próprias (white label) não consegue se sustentar no mercado.
A melhor forma de investir em fintechs de nicho é ser um investidor anjo, realizado por um grupo de 5 a 30 pessoas, tanto para diluição de riscos quanto para o compartilhamento da dedicação. Se o modelo de negócio parar de pé e tiver foco em resoluções específicas, vale muito a pena o investidor anjo colocar recursos para fomentar o crescimento ecossistêmico da fintech. Outra alternativa é investir em um fundo segmentado para a retroalimentação dessas fintechs, colocando seu dinheiro de acordo com o efeito do trabalho do segmento escolhido.
Em um futuro muito próximo, acredito que os grandes bancos irão comprar as fintechs que atendem nichos específicos. Será mais fácil pagar o valuation do que tentar concorrer com esses pequenos jet skis. Essa é a principal motivação de nos posicionarmos por nicho: para atender sob demanda específica as necessidades do mercado.