Em junho de 2020, um comercial do Itaú (SA:ITUB4) foi ao ar em rede nacional com um questionamento sobre a conduta de agentes autônomos de investimentos (AAIs) em um “bate-boca” com a XP (SA:XPBR31) (NASDAQ:XP). De lá para cá, mais do que levantar uma polêmica, a propaganda trouxe novamente a discussão sobre o modelo de gestão de patrimônio com taxa fixa ou variável.
Antes de iniciar, vale uma breve explicação sobre como funciona o mercado brasileiro de AAIs. Hoje, boa parte dessas empresas ainda trabalham com comissões para seus profissionais. Na prática, elas elaboram as estratégias e sugerem uma direção para o cliente. Quando este investidor segue o plano apontado e realiza a compra dos ativos, um percentual deste valor é direcionado para a empresa de assessoria.
Deste modo, o conflito reside no fato de que um produto, em geral, comissiona mais do que o outro. E isto tem feito com que alguns profissionais ofereçam linhas de investimentos que nem sempre estão de acordo com os objetivos dos clientes, mas, sim, com o retorno financeiro que ele mesmo, assessor, obterá com a indicação. Vale destacar que isto não é algo generalizado, mas que ainda assim precisa ser melhorado.
Nos EUA, por exemplo, este debate tem gerado algumas mudanças. Estima-se que hoje cerca de 70% do mercado americano funcione através do modelo híbrido, ou seja, com a cobrança de uma taxa fixa e também variável na remuneração.
Na Europa, ela é feita por meio de um valor anual, algo que já tem sido feito há alguns anos. Esta, talvez, seja a modalidade ideal para que não sejam gerados conflitos de interesse na relação, cliente e assessor.
Já no Brasil, as empresas de investimentos têm olhado com lupa para esta questão e buscado alternativas. Porém, ainda estamos longe de um cenário adequado em um mercado que não para de crescer.
Para ilustrar, basta olhar os dados recentes da Anbima. Há cerca de um mês, ela divulgou um levantamento que apontou um volume de aplicações maior em ações e títulos públicos do que na poupança.
Isto revela que o brasileiro tem se tornado mais sofisticado em relação às suas aplicações financeiras. No entanto, ainda que o dado seja positivo, existe um mar de pessoas que optam por estratégia A ou B sem entender, de fato, o que está sendo feito. Daí a necessidade de um acompanhamento profissional adequado.
Neste sentido, uma das soluções que mais chamam a atenção e têm ganhado espaço no mercado brasileiro é o Wealth Management.
Este tipo de serviço é tão abrangente quanto as soluções oferecidas por um AAI, com algumas soluções exclusivas para quem opta por este modelo. Outra diferença é que ele é mais recomendado para pessoas que tenham um patrimônio já formado e que precisem de uma gestão que ajude a preservar e a crescer o capital investido. Vale ressaltar que já existem soluções a partir de R$200 mil sendo oferecidas no mercado.
Além disso, no que diz respeito à remuneração dos gestores, é cobrado apenas um valor fixo anualmente. O público de alta renda brasileiro já entendeu que este modelo é mais eficaz e tem optado por ele de forma recorrente.
Mesmo que você, investidor, ainda não tenha um montante relevante para contar com este tipo de solução, é preciso pensar no tema. Com o tempo e frequência de aportes, em algum momento, você precisará de ajuda.
Por isso, entender um pouco mais sobre o universo de gestão é fundamental para a construção de um portfólio de investimentos vencedor. E quando falamos em longo prazo, uma simples vírgula na taxa de administração pode mudar tudo. Pense nisso!