Não sei quantos de vocês já pararam para pensar sobre por que quando um avião é atingido por um raio, os passageiros em seu interior não são afetados pela descarga elétrica. Da mesma forma, por que quando você está dirigindo um carro durante uma tempestade, o melhor lugar para se proteger de um raio é no interior do próprio carro?
Sem nos aprofundarmos nos conceitos de eletromagnetismo, a razão para isso é que, quando uma descarga elétrica atinge um corpo metálico condutor, as cargas elétricas se distribuem por sua superfície gerando uma resultante de campo elétrico nulo no seu interior.
Essa é a razão pela qual as pessoas não são afetadas pela descarga elétrica nos exemplos anteriores.
Em 1836, o físico inglês Michael Faraday provou essa teoria se submetendo pessoalmente a um experimento. O verdadeiro “skin in the game”. Faraday entrou em uma espécie de gaiola metálica com sapatos de borracha e sentou-se em uma cadeira feita de material isolante, enquanto diversas descargas elétricas foram aplicadas à superfície da gaiola. Ao sair ileso, o cientista demonstrou o fenômeno da blindagem eletromagnética.
A gaiola de Faraday, como ficou conhecida, é usada para blindar diversos sistemas de interferências eletromagnéticas e descargas elétricas e, por isso, a sua aplicabilidade é muito ampla.
Ao contrário do que acontece no campo da física, a blindagem perfeita simplesmente não existe no mundo dos investimentos, apesar de ser o principal objetivo de alguns investidores.
A verdade é que “a segurança completa não é viável nem mesmo desejável”. Prover garantia irrestrita, uma blindagem perfeita para todos, gera comportamentos inadequados. (“This time is different.”)
Por isso, o que deve ser o objetivo do investidor é a busca por um portfólio robusto com uma relação risco-retorno adequada para seus objetivos de rentabilidade e para o seu horizonte de investimento.
No que diz respeito ao portfólio de fundos de investimento, a construção de uma carteira passa por três decisões: alocação estratégica, alocação tática e a seleção dos fundos propriamente ditos.
A alocação estratégica é a decisão de diversificação entre as classes de ativos (renda fixa, renda variável, alternativos, etc.). O retorno gerado por essa decisão é medido a partir da performance dos benchmarks de cada fundo (Ibovespa, IBX, IMA-B, etc.), seguindo o peso neutro determinado para cada ativo da carteira.
A alocação tática é expressa pelo desvio do ponto neutro. Em outras palavras, é a decisão de ficar sobrealocado ou subalocado em uma classe e expressa os vieses otimistas ou pessimistas do gestor para cada classe.
Finalmente, a seleção dos fundos é a diferença entre uma carteira puramente passiva, isto é, composta apenas pelos benchmarks, e a performance entregue dos fundos ativos escolhidos para representar aquela classe.
Um abraço