Eu realmente não consigo entender qual o racional empresarial por trás dessa enxurrada de novas exchanges online que estamos vendo pipocar no Brasil. Pelas minhas contas, já existem ou estão prestes a iniciar as operações em torno de 40 empresas que atuam como intermediárias na compra e venda de Bitcoin e diversas shitcoins.
Acho que esses “empreendedores” ficaram salivando na arquibancada enquanto assistiam a algumas empresas ganharem muito dinheiro no ano passado e pensaram “opa, eu também quero ficar rico, só preciso montar uma exchange”.
O mercado brasileiro de Bitcoin está parecendo a Santa Ifigênia, uma famosa rua em São Paulo que tem uma loja do lado da outra vendendo as mesmas quinquilharias chinesas. Todo mundo que pode abrir uma loja nova e vender o produto mais barato. Mas ninguém para e analisa o mercado e calcula a real demanda existente por Bitcoin no país, o potencial de oferta e o gigantesco risco de operar uma exchange online.
O Brasil tem negociado em torno de 1000 bitcoins por dia recentemente. O volume que gira nas exchanges é muito pequeno comparado a outros mercados no mundo. Pelo que me consta, nenhuma mercado relevante do mundo tem quantidade de exchanges parecida com essa que estamos vendo no Brasil.
Por que as exchanges de Bitcoin serão hackeadas?
A resposta é simples. Essas empresas, além de atuarem na compra e venda de ativos digitais, também fazem o papel de custodiante e armazenam quantidades bastante grandes de Bitcoin em seus sistemas.
As grandes exchanges conseguiram de certa forma criar confiança junto ao mercado em relação à forma como guardam os Bitcoins dos clientes. Mas nem por isso estão livres de possíveis ataques cibernéticos.
Agora, pense nas corretoras pequenas que acabaram de surgir. Elas são um prato cheio para os hackers. E quanto mais corretoras surgirem, haverá mais possibilidades para os hackers. Certamente, a mais frágil delas será atacada primeiro. O problema maior, na minha opinião, está nessas novas exchanges de fundo de quintal que não têm qualquer tipo de experiência no segmento e que têm sistemas fajutos e fáceis de serem invadidos.
O passado é um espelho
Já escrevi sobre isso antes, mas apenas para lembrá-los, o Mercado Bitcoin já foi hackeado. Outra exchange brasileira recentemente foi ajudada por um hacker bonzinho que encontrou uma falha de segurança e benevolamente alertou a empresa que conseguiu resolver o problema.
No exterior, a lista de hacks em exchanges de Bitcoin é imensa e os prejuízos das empresas e principalmente dos usuários estão na casa dos bilhões de dólares.
Por isso, tenho certeza que dentro de pouco tempo veremos uma exchange brasileira hackeada.