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A fotografia presente mostra Lula com maior volume de intenções de voto, seguido por Bolsonaro, que vem bem atrás e perdendo apoio. Bolsonaro ainda conta com uma massa fiel de eleitores ferrenhos. Suas polêmicas declarações se dirigem a manter esse grupo ativo (principalmente nas redes sociais), mas não têm atraído novos eleitores. Tanto isso é verdade que foi montado um núcleo de campanha para tentar deter sua queda de popularidade registrada em praticamente todos as pesquisas divulgadas.
Bolsonaro, que teve que fazer acordos com o centrão, sua base de apoio atual, acabou de entregar o orçamento de 2022 para a Casa Civil (leia-se centrão), já que as decisões da economia sobre a peça orçamentária terão que ter o aval da equipe do titular Ciro Nogueira. Consequentemente, o poderoso ministro Paulo Guedes perde um pouco mais de prestígio para o grupo político do governo.
Pelo noticiário, o presidente reclama de fazer ajustes de salários de servidores, o que tem trazido transtornos adicionais pelo movimento criado pelos sindicatos ligados ao funcionalismo, com reflexos sobre portos e fronteiras do Brasil. Bolsonaro também quer que a equipe econômica produza alternativas para corrigir as alíquotas de imposto de pessoas físicas, num momento de penúria no quadro fiscal, onde sobram somente R$ 44 bilhões em 2022 para investimentos.
Já o ex-presidente Lula ora flerta com posição mais ao centro, próxima de seu primeiro governo que manteve a responsabilidade fiscal, e ora tem desvios mais autoritários, se aproximando da esquerda e de seu segundo governo caótico e seguido por quase mais dois mandatos de sua ministra Dilma. Em um momento, Lula quer mostrar preocupação com uma agenda ESG e, em outro, diz que os mercados não podem ditar a pauta econômica. Ao mesmo tempo, convoca uma equipe de economistas para formatar um plano de governo. Com esse escopo, abre também fraturas no seu potencial vice Alckmin, cuja filiação ao partido de Kassab aparentemente foi negada, com boatos de que ele próprio gostaria de estar no pleito.
Como satélites disso, gravitam potenciais candidatos como Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e outros, que se não fizerem alguma coalizão mais forte, podem estar fora de um quase certo segundo turno, deslocando um dos dois potenciais contentores. Mas, como disse, muita coisa ainda vai acontecer, seja no uso da caneta BIC presidencial fazendo benesses, nos discursos inflamados, que podem afetar pelo positivo ou negativo, ou ainda no desempenho da economia e demais indicadores de conjuntura que não devem ajudar muito em 2022.
O que desejamos: um debate de alto nível entre os candidatos, sem ofensas rotineiras e explicitando problemas e soluções viáveis. Isso parece meio difícil de acontecer, mas neste momento não custar torcer.