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El Salvador Aposta no Bitcoin; Outros Países Devem Digitalizar suas Moedas

Publicado 30.05.2022, 17:29
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Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com

  • El Salvador tornou o Bitcoin sua moeda nacional
  • Bitcoin afundou desde o anúncio, e El Salvador comprou mais
  • Outros países estão se digitalizando, mas sem o uso de criptos
  • Moedas digitais e blockchain são a revolução da tecnologia financeira
  • As criptos ficarão em segundo plano em relação às moedas digitais emitidas por governos por três razões

Nos anos de 2019, 2020 e 2021, as criptomoedas registraram ralis que as fizeram ganhar bastante popularidade. Embora a maioria dos participantes do mercado e dos governos tenha abraçado a tecnologia blockchain, na medida em que ela melhora a velocidade, a eficiência e o registro das operações, com as criptomoedas a história foi diferente.

Por outro lado, a ascensão das criptomoedas, sob a liderança do Bitcoin, causou um frenesi especulativo nos últimos anos. A disparada de cinco centavos, em 2010, para quase US$ 69.000 por token, em novembro de 2021, foi capaz de transformar um investimento de US$ 100 em US$ 138 milhões para quem manteve os tokens na carteira. Mesmo após a recente carnificina de preços, os US$ 100 aplicados no Bitcoin em 2010 valeriam hoje US$ 58 milhões. A ascensão fez com que mais de 19.600 outras criptos entrassem no mercado, e o número de novatas aumenta a cada dia.

No ano passado, El Salvador, um país pobre da América Central, com uma população de cerca de 6,5 milhões de pessoas, decidiu abandonar o dólar e recorrer ao Bitcoin como moeda nacional. Não parece ter sido um movimento muito inteligente, já que o Bitcoin está sendo negociado em um patamar muito mais baixo em 2022 do que em 2021.

El Salvador tornou o Bitcoin sua moeda nacional

Em setembro de 2021, o Bitcoin era negociado na faixa de US$ 39.716,33 a US$ 52.902,94. El Salvador comprou 400 Bitcoins por US$ 20,9 milhões um dia antes de formalmente adotá-lo como moeda oficial do seu país. Em junho de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país a adotar o Bitcoin como meio principal de troca. O presidente Nayib Bukele obteve uma maioria qualificada de 62 votos dos 84 possíveis no congresso salvadorenho, o que lhe permitiu adotar a cripto líder como moeda oficial.

O Bitcoin afundou desde o anúncio, e El Salvador resolveu comprar mais.

Bitcoin semanal

Em maio de 2022, o preço do Bitcoin variava na faixa de US$ 25.919,52 a US$$ 38.555,55 por token. El Salvador adicionou mais 500 tokens ao seu balanço ao nível de US$ 31.000, gastando US$ 15,5 milhões. As reservas totais do país em Bitcoins agora somam 2.301 unidades. Ao nível de US$ 28.990 em 28 de maio, o saldo volátil das reservas de El Salvador equivalia a US$ 66.705.990.

O presidente Nayib Bukele fez uma grande aposta no futuro da criptomoeda. Os inovadores e líderes tecnológicos concordam que o Bitcoin e alguns dos outros mais de 19.625 tokens voltarão a se valorizar. No entanto, investidores tradicionais, como Warren Buffett e Charlie Munger, discordam dessa visão, defendendo que o Bitcoin pode virar pó. Buffett cita a falta de utilidade produtiva da cripto, ao passo que Munger considera o Bitcoin como “maléfico” e “estúpido”.

Enquanto isso, tanto o valor do Bitcoin quanto o volume de reservas de El Salvador recuaram, desde que o país resolveu abraçar a cripto.

Outros países estão se digitalizando, mas sem o uso de criptos

Em abril de 2022, a República Centro-Africana se tornou o segundo país a adotar oficialmente o Bitcoin como moeda nacional. A CoinMarketCap realiza uma pesquisa sobre qual será o próximo país a seguir El Salvador e a República Centro-Africana. No fim da semana passada, os principais candidatos eram:

Resultados da pesquisa: países que podem legalizar o Bitcoin

Fonte: CoinMarketCap.com

Embora outros países possam adotar o Bitcoin, Ethereum e outras criptos, o caminho mais provável é que os governos financiem a digitalização de suas moedas atuais. A China está implementando seu iuane digital, o e-CNY, e deve ser a primeira grande economia a lançar uma moeda digital oficial de um banco central.

A Europa e os EUA provavelmente seguirão seus passos, lançando o euro e o dólar digitais. Em março de 2022, o presidente dos EUA, Joseph Biden, assinou um decreto executivo para “explorar uma moeda digital do banco central”.

Os países ao redor do mundo vão procurar manter seu controle sobre a oferta monetária, ao adotar a tecnologia blockchain. As versões digitais do dólar, euro, iuane, iene, libra esterlina, entre outras moedas fiduciárias, irão até onde seus governos estiverem dispostos a avançar com a tecnologia financeira.  Seguir El Salvador e a República Centro-Africana não parece estar no horizonte das principais economias do mundo.

Moedas digitais e blockchain são a revolução da tecnologia financeira

A tecnologia blockchain é a peça central da tecnologia financeira. As criptomoedas são a resposta da blockchain para os meios de troca. Os governos têm sido lentos em implementar suas moedas digitais, na medida em que tudo envolvendo a tecnologia se depara com a morosidade dos legisladores e autoridades responsáveis por lidar com o assunto.

A China, segunda maior economia do mundo, está assumindo a liderança como o e-CNY. Os EUA e a Europa seguirão seus passos, mas o processo pode levar anos, senão décadas.

As criptos ficarão em segundo plano em relação às moedas digitais emitidas por governos por três razões

Três fatores devem fazer com que as moedas digitais emitidas e patrocinadas por governos coloquem as criptos em segundo plano nos próximos anos:

  1. O controle da oferta monetária é uma das fontes de poder governamental. A contração ou expansão da oferta de moedas legais é um instrumento do qual os governos não estão dispostos a abrir mão.
  2. Os problemas de custódia e segurança em torno das criptomoedas continuam sendo um fator significativo a impedir uma aceitação mais ampla.  Ataques cibernéticos, ransomware e outros usos nefastos representam um claro perigo aos mercados desregulados de criptomoedas. As moedas digitais emitidas e controladas por governos devem solucionar e prevenir esses problemas.
  3. Os órgãos reguladores mundiais ainda não permitiram operações de crédito envolvendo criptos. Estabelecer taxas de juros é fundamental para o desenvolvimento de mercados a termo, e as curvas de juros são necessárias para o próximo passo da evolução das criptomoedas. As moedas digitais emitidas por governos definirão essas curvas de juros para facilitar sua aceitação como meio de troca preferencial.

As criptomoedas abraçam a ideologia libertária que devolve o controle da oferta monetária aos indivíduos, em detrimento dos governos. Os valores das criptos são uma função das ofertas de compra e venda no mercado, sem qualquer interferência governamental. Embora El Salvador e a República Centro-Africana tenham adotado o Bitcoin como suas moedas nacionais, a única influência que podem exercer é comprar ou vender as criptos juntamente com o resto do mercado.

Ao mesmo tempo, o frenesi especulativo com a disparada das criptos arrefeceu com o declínio dos preços. Espere muita volatilidade na classe de ativos nos próximos meses e anos, enquanto a batalha entre as moedas digitais e as criptos continua.

Graças à sua utilidade como tecnologia financeira, a blockchain continuará prosperando. Além disso, o Bitcoin e as outras criptos líderes devem sobreviver, mas sua função dependerá do sucesso dos governos com suas ofertas de moedas digitais.

Ao investir em criptos, espere enfrentar muita variação de preços e só aloque o capital que esteja disposto a perder. Os possíveis retornos extraordinários são comensuráveis aos riscos do mercado, e com as criptomoedas não é diferente.

 

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