A guerra entre Rússia e Ucrânia vai chegando à sua segunda semana sem qualquer solução, com destaque para reuniões entre os dois países e muitas sanções sendo anunciadas pelo Ocidente contra a Rússia.
Por mais que o presidente russo Vladimir Putin e seus ministros tenham traçado possíveis hipóteses de sanções, duas coisas parecem óbvias: de um lado, a rápida coordenação entre diferentes países para aplicar sanções, mesmo com a probabilidade de enormes transtornos para as economias e populações da região; e de outro, a adesão de grandes empresas do segmento privado em suspender negócios e parcerias com a Rússia. Podemos até inferir que a retirada da Rússia do programa Swift de compensações poderia ser suposta, mas a velocidade pegou de surpresa. Igualmente, a suspensão do oleoduto Nord Stream 2 pela Alemanha, bem como a própria Alemanha enviando equipamentos para a Ucrânia.
A Rússia encontrou algum amparo na parceria com a China, mas a China sozinha não supre tudo que foi retirado. Além disso, temos que considerar que a própria China vive seu momento mais complicado, com o mandatário Xi Jinping anunciando no final de semana que o país tem como meta crescer 5,5%, a menor taxa dos últimos 25 anos. De outra feita, a China deve estar bastante incomodada com a aceleração de preços de muitas commodities no mercado internacional, especialmente minérios e proteínas.
Portanto, a China, que se mostrou conciliadora em todos os momentos, principalmente no Conselho de Segurança da ONU e na Assembleia-Geral, poderia ser a grande mediadora das discussões entre os dois países, demovendo Putin de suas imposições pétreas e facilitando um acordo, pelo menos no que tem relação com buscar um cessar-fogo e a manutenção de um corredor humanitário para os civis da Ucrânia. Certamente, isso reduziria a tensão global, facilitando um diálogo mais consistente. Assim, a China sairia como a grande benfeitora desta guerra.
Nos mercados, muitos estragos vão bater inicialmente na inflação global, que de resto já vinha preocupando todos os bancos centrais do mundo na saída da pandemia de covid-19 e suas variantes. Mas os efeitos da guerra não param por aí, já que muitos têm a perder com a Rússia podendo ficar inadimplente, com a energia extremamente cara, notadamente para a Europa, minerais e proteínas disparando, grande desequilíbrio cambial com a aversão ao risco crescendo na razão direta da guerra, enorme êxodo da população de ucranianos interferindo nas economias de países limítrofes, renovados distúrbios nas cadeias de insumos retardando a recuperação econômica em diferentes países e possibilidade de estagflação em outros.
Há necessidade sim de um mediador próximo de Putin para quebrar as exigências e a intensa negociação sobre garantias de que não haverá tentativas de reanexação de países que formavam a União Soviética. Putin parece sofrer larga pressão dos oligarcas russos, mas não sabemos ao certo até que ponto tudo isso pode ser verdadeiro, já que nas guerras a contrainformação e as mentiras são absolutamente reais.
Enquanto tudo isso ocorre, os mercados de risco seguem com enorme volatilidade, muita rotação dos ativos, busca por maior proteção (quase sempre lastreada no dólar), ao mesmo tempo em que se abrem boas alternativas para aplicadores com alta propensão ao risco, pois dos desequilíbrios momentâneos surgem boas chances de obtenção de lucros extraordinários.
É por isso que sugerimos grande prudência e sangue frio no desmonte de posições ou montagem de operações de maior risco, pois a situação pode mudar com enorme rapidez para um lado mais tranquilo ou piorando a escalada belicista.
Imaginamos estarmos aptos para sugerir alternativas de posicionamento de carteiras que mais se adequem à propensão individual de risco de nossos clientes e amigos. Consultem-nos.