A pergunta pode parecer um tanto polêmica, mas vale a reflexão visto o que aconteceu durante a última semana com as ações da Petrobras (SA:PETR4). Depois de declarar à imprensa que trocaria o comando da estatal de forma intempestiva, o presidente Jair Bolsonaro provocou uma onda de incertezas na cabeça dos investidores. Até onde vai a intervenção? Outras estatais serão afetadas? Ele, de fato, vai mexer com o setor elétrico?
As dúvidas ainda pairam no ar e talvez seja difícil responder ao questionamento inicial, mas eu quero ajudar, você, investidor e investidora, a compreender o momento para tomar as melhores decisões.
Ontem, em evento promovido pela Monte Bravo para debater exatamente a questão da Petrobras, o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança destacou alguns pontos que eu gostaria de compartilhar com vocês.
Durante o bate-papo, ele ressaltou que, de fato, o governo precisa melhorar a sua comunicação e o mercado tem legitimidade de levantar a bandeira de alerta contra a intervenção. E comentou que o ocorrido não foi uma medida interventora para formação de preço, mas sim uma medida interna de questões relacionadas à gestão e sobre a qual o presidente tem poder.
Em resumo, ele procurou acalmar os ânimos visto que o preço dos combustíveis ainda não foi afetado e ressaltou que o provável novo presidente da estatal deve agir em linha com o mercado.
Precisaremos aguardar os novos desdobramentos desta história, mas é necessário que o investidor tenha certa cautela. Algumas casas de análises recomendaram a venda do ativo e sabemos que, historicamente, a Petrobras sofre com intervenções governamentais. Bem como outras estatais.
Por outro lado, ainda que a empresa guarde grande valor de mercado, um ponto destacado durante a conversa chamou a atenção em relação à privatização da companhia.
É notório para todos que o mundo iniciou um processo de mudança de matriz energética e o petróleo talvez não seja mais um grande ativo no futuro. A Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34), por exemplo, anunciou que todos os seus carros na Europa serão elétricos até 2030 e os modelos híbridos têm ganhado destaque entre os consumidores.
Ou seja, como disse Orléans, precisamos ter uma discussão estratégica para que seja provocada uma mudança. O Brasil deverá ficar com um ativo que tende a se desvalorizar no longo prazo ou não? Fica a reflexão.
Respondendo ao questionamento inicial, sim, é possível esperar bons ventos vindos de Brasília (como a Reforma da Previdência e Autonomia do Banco Central), mas com muita cautela visto que há milhares de interesses em jogo.
Do ponto de vista do investidor, é preciso tratar esta questão sem “paixão”. Investir em estatais é, de fato, mais arriscado por conta das possíveis e, diria até prováveis, interferências políticas. Em um momento como este, de incertezas, o ideal é procurar por ativos de proteção e até mesmo internacionalizar os investimentos por meio de fundos e ETFs.
Caso tenha dúvidas ou se sinta inseguro, não deixe de buscar ajuda de um profissional. Há, neste momento no Brasil, um movimento criado pelas empresas para ajudar você, investidor, a alcançar seus objetivos. Bons negócios!