Depois de uma lua de mel que chegou a fazer com que o Bitcoin atingisse o patamar histórico de US$69 mil, o mau tempo tem predominado nesse mercado. Além da criptomoeda mais falada, outras também têm sofrido muito em função da crise e da alta dos juros no mundo.
Por se tratar de um universo ainda bastante novo, muitas pessoas têm sofrido com a falta de informações e algumas, inclusive, têm caído em golpes. Com os problemas na economia mundial, aparentemente, a situação se agravou.
Há alguns dias, enquanto pensava no tema da próxima coluna para o Investing, soube de uma história um tanto curiosa que gostaria de compartilhar com você. Antes de iniciar, porém, vale uma ressalva. O nome do nosso personagem será trocado a fim de preservar o sigilo da sua identidade.
Desta forma, imagine um rapaz com pouco mais de 30 anos de idade. Seu nome é Paulo. Ele vem de uma situação financeira familiar estável. O pai é dono de uma importante empresa de manutenção de máquinas industriais, negócio no qual o jovem trabalha desde os 16 anos com bons salários.
Disciplinado, se formou em administração cedo e comprou seu primeiro apartamento aos 23 anos. Dois anos depois, o primeiro imóvel virou outro maior que, junto com a namorada, se tornou um terceiro ainda melhor - porém, financiado.
Neste meio tempo, já cansado, ele resolveu fazer uma transição de carreira e começou a estudar psicologia. Perto de se formar e com uma função que pouco sofreu durante a pandemia, o jovem começou a se organizar financeiramente para a mudança.
O problema, no entanto, é que ele fez isso via criptomoedas exclusivamente. E também não foi por meio de uma corretora conhecida e capitalizada. O Paulo contratou uma dessas empresas que prometem ganhos de 5%, 10%, 20% ao mês e achou que estava tudo certo.
Ele conta que durante o primeiro ano as coisas funcionaram bem. Os pagamentos de fato aconteceram e, em algum momento, o dinheiro recebido era até maior do que a renda mensal que ganhava com o pai. Um sonho!
Até que as falhas começaram e se tornaram frequentes até zerar os depósitos. Os valores pagos pela “gestora” até o momento não chegam na totalidade dos aportes. Ironia do destino ou não, ele deixou de receber os recursos justamente no momento em que os mercados, especialmente, de renda variável, começaram a sofrer por conta da mudança nos juros em todo o mundo.
Hoje em outra profissão - recém formado em psicologia - e sem o salário recebido na empresa familiar, a situação do Paulo foi de confortável para delicada por conta de um planejamento elaborado de forma equivocada.
Antes, sem dúvidas, com um bom planejamento, ninguém duvidava que o jovem chegaria ao primeiro milhão antes dos 40 anos. Ele tinha uma função profissional rentável, um imóvel quitado e algum dinheiro guardado.
Hoje, ele tem uma dívida imobiliária - e elas não costumam ser baixas -,uma renda menor e, para ajudar, o dinheiro guardado ao longo de anos está preso no esquema de pirâmide.
Não cabe neste artigo dizer o que o Paulo podia ter feito em seu planejamento uma vez que ele partiu de um princípio errado colocando seus recursos em um negócio duvidoso.
Contudo, como eu disse, se o foco dele tivesse sido o da construção de uma carteira diversificada, ainda que com criptomoedas na composição, o seu futuro financeiro estaria, de certa forma, garantido. Pense nisso!