Nossa coluna de educação financeira faz questão de falar novamente dos pequeninos neste mês.
Fácil falar sobre isso? Mais ou menos. Mais uma vez, diversos leitores me pediram para falar sobre o tema, e o que vejo é uma grande dificuldade dos pais em identificar quando e como começar. Por mais que eu tenha falado já sobre as faixas de idade, é complicado quando a educação financeira não foi inserida aos adultos. Mas porque não aprender enquanto ensina seus filhos?
Independentemente da condição financeira da família, este é um assunto sério, criar adultos conscientes e que não se endividem quando jovens fará muita diferença para toda família, pois a regra é básica: filhos endividados, pais endividados.
Segundo uma pesquisa da Serasa, mais de 80% de pais entrevistados ensinam sobre educação financeira aos filhos. Porém, ainda assim, cometem diversos erros, não conseguindo levar de forma coerente o certo e o errado, a criança usa os pais como referência, se seu exemplo não condiz com o ensinamento, a dificuldade será ainda maior, e a mesma pesquisa mostra um número baixo de crianças que guardam um pouco do que recebem de mesada.
Pode parecer bobagem, mas a criança quando chega em uma certa idade precisa realmente saber de onde vem o dinheiro. Eu mesma tinha uma ilusão que o talão de cheque era mágico e, percebendo em um trabalho já feito no passado em algumas escolas de São Paulo, me deparei com esse ponto, crianças de 8 a 10 anos não faziam ideia, além disso, não sabem a diferenciar o que é prioridade. O desenvolvimento de uma mudança comportamental é essencial e será um ótimo divisor de água em suas vidas.
Leve seus filhos ao supermercado e mostre o valor das coisas, dê a criança um valor pequeno e o direcione para que possa comprar o que realmente da com aquele dinheiro e, se acabar, acabou. Pegar tudo que os pequeninos querem é uma grande satisfação para os pais, mas está deixando de criar uma proteção para ele no futuro. Assim, ele não terá armas para batalhar lá na frente, então, o "não" pode ajudar muito nesse processo. Deixe que, com esse valor, ele organize o que é prioridade e espere até o próximo mês. Da mesma forma se faz com a mesada: milhares de pais determinam um valor de R$100,00 a R$150,00 de mesada por mês, mas o brinquedo custa R$250,00. Então, é hora de ensinar o poupar e planejar, deixar claro ao filho que se ele esperar o momento certo, terá o valor todo em mãos e ainda poderá barganhar um desconto. Como eu disse nesse mesmo artigo há um ano, as crianças são imediatistas, elas ainda não entendem e não querem postergar o desejo que tem naquele momento e isso pode tornar adultos impulsivos por crédito, pela falta de paciência em esperar.
Vale ressaltar que este ensinamento não deve ser impositivo, e sim bem leve e, por que não, lúdico? A criança precisa se sentir parte de um projeto, por exemplo, um cofrinho ajuda muito nesta fase. Quando juntos, podem especificar uma data para comprar algo e influenciar o investimento, se for um vidro transparente, com o objetivo nele descrito melhor, pois ela verá que o valor está ficando maior, são visuais, esses pequenos detalhes influenciam.
Outro passo importante neste processo é a abertura de uma conta corrente. Diversas instituições possuem contas sem custos para menores de 18 anos. Nela, além de planejar a previdência privada para sua maioridade, os pais podem depositar sua mesada, ensinar como investir, mostrar que o dinheiro aplicado aumenta o valor e, principalmente, ensinar o que não se deve fazer. Isso irá gerar na criança além de senso de responsabilidade, também um empoderamento de que pode participar das finanças da casa. Um cuidado importante, a maioria das crianças hoje em dia possuem smartphones, não cadastrem esse aplicativo da conta neste aparelho, isso é muito comum hoje em dia e precisa ser evitado.
Esta é uma tarefa difícil no dia-a-dia das famílias, mas precisa ser praticada todos os dias, só assim as crianças entenderão a importância de um bom planejamento, do real valor que o dinheiro tem. E, principalmente, fará adultos conscientes no futuro e mudará também o comportamento dos pais.