A agenda econômica norte-americana nesta semana será mais fraca. Ainda bem. Os investidores devem respirar aliviados. Mas os números robustos sobre o emprego nos Estados Unidos devem continuar impactando os mercados nesta segunda-feira (5). De quebra, os comentários de Jerome Powell ontem à noite mantêm a aversão ao risco.
Esse sentimento já é observado nos futuros dos índices das bolsas de Nova York, que amanheceram no vermelho hoje, em meio ao aumento no rendimento (yield) dos títulos dos EUA (Treasuries). Os bônus europeus também avançam, o que pressiona as bolsas da região, ao passo que o dólar se fortalece, enfraquecendo as commodities.
Fato é que se o rali deste ano dependia da queda nos juros dos EUA, essa disparada dos ativos de risco não deve começar tão cedo. Afinal, o Federal Reserve não parece ter motivos para começar a cortar os juros. Nem em março e talvez nem em maio. A ver como essa demora influencia na queda da taxa Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) deve começar a lançar luz sobre qual será a taxa terminal dos juros básicos ao final do ciclo de queda, sem contar com a ajuda do Fed. A ata da reunião da semana passada, que sai amanhã (6), combinada com o IPCA de janeiro, na quinta-feira (8), pode dar pistas sobre se esse nível será mais próximo dos dois dígitos.
Ou não. Até porque o Fed pode iniciar o ciclo de cortes nos EUA apenas no segundo semestre - inclusive após o fim das férias de verão (no hemisfério norte) - quando ainda acontecem quatro reuniões, capazes de contemplar os três cortes de 0,25 ponto porcentual (pp) previstos pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) para 2024.
Powell repetitivo
Na véspera, o presidente do Fed repetiu o que havia dito dias antes. Os membros do Fomc estão cautelosos em cortar os juros muito cedo e será preciso esperar para além de março, à medida que a autoridade monetária busca mais dados para confirmar que a inflação está caindo em direção à meta de 2%.
Não foi bem isso o que mostrou o payroll na última sexta-feira. Além de criar quase o dobro das vagas de emprego esperadas para janeiro, com revisão para cima dos postos de trabalho criados nos dois meses anteriores, a diferença entre a oferta e os trabalhadores disponíveis fez os salários acelerarem o ritmo de alta, também acima do esperado.
Esse cenário adverso às expectativas dos investidores tende a esfriar o ânimo dos mercados ao longo dos próximos dias, em meio ao ajuste de posições nos ativos e menor exposição ao risco, em especial nos emergentes. Com isso, o Ibovespa deve ficar refém do ambiente externo, mas a safra de balanços pode agitar os negócios locais.
O destaque fica com os resultados financeiros dos bancos. Itaú e BTG (BVMF:BPAC11) Pactual publicam seus números já nesta segunda-feira, enquanto Bradesco sai na quarta (7) e Banco do Brasil um dia depois. Também na quinta-feira (8), a Petrobras (BVMF:PETR4) divulga o relatório de produção e vendas do quarto trimestre, enquanto o varejo reage à nova gigante da moda.