É impossível dissociar a política de um governo ou modelo de gestão com os resultados macroeconómicos.
Num mundo globalizado também é impossível não ser afetado por situações externas, A China desacelerou em termos de crescimento, a Europa está estagnada e EUA ainda não apresenta sinais fortes e sustentados de crescimento. Mas se o crescimento previsto para a economia mundial para 2015 será na ordem dos 3% (segundo previsão do FMI de outubro), então o que está acontecendo? O que acontece é que boa parte deste crescimento vem dos países em desenvolvimento. Então, por que o Brasil está numa recessão tão forte, contrariando a tendência, sendo um pais em desenvolvimento?
O preço das commodities a níveis historicamente baixos, por uma oferta maior que a procura, afeta o Brasil, por esse ser proxy em commodities. Realmente esse é um fato que afeta muito a situação econômica do Brasil, mas não explica totalmente a situação do país.
A explicação mais simplista é que o modelo de gestão aplicado no Brasil, que assenta o crescimento no aumento de despesa pública, aumento de rendimentos acima do desejável e do aumento do consumo, tem-se visto em muitos outros países que não é sustentável no médio e longo prazo.
Esse foi um dos maiores erros da gestão dos governos Lula e Dilma, de o crescimento econômico se assentar no aumento do consumo e da despesa do estado e não ter aproveitado esse bom momento para fazer as reformas necessárias e os investimentos estruturantes.
Esse modelo ainda foi se aguentando enquanto os valores das commodities atingiam os valores mais altos historicamente e o consumo se mantinha alto.
O crescimento econômico obviamente também deve vir pelo consumo interno com o aumento da renda disponível, mas preferencialmente pelas exportações, não só de commodities, mas de produtos semimanufaturados e manufaturados de valor agregado. A manutenção do real sobrevalorizado no passado, foi também um fator que contribui muito para a situação atual, pois afetava o volume das exportações de produtos semimanufaturados e manufaturados, o que tornou o Brasil demasiadamente dependente das commodities.
Quando leio que o modelo atual está esgotado, questiono se o modelo não esteve errado na sua gênese e na sua ideologia.
Tem-se constatado e está provado que governos de ideologia socialista e de esquerda são muito mais despesistas, apostados no crescimento mais por via do consumo, por força da sua doutrina política e por serem governos extremamente populistas.
O modelo não está só esgotado, ele já nasceu com as premissas erradas, e manteve-se até assumir as proporções desastrosas que assumiram. Pouco se pode aproveitar do que foi feito nos últimos governos, há que haver uma mudança radical do modelo de gestão, não basta mudar a presidente pelo impeachment, e preciso mudar quase toda a política econômica.
Há ainda quem defenda no universo do PT (e fora dele) e não são poucos que a matriz econômica deve continuar a assentar na despesa pública e no consumo (baixa da Taxa Selic), peço desculpa por estas palavras, mas ou são alucinados ou mal-intencionados, porque insistir num modelo que já provou a sua ineficácia e nos conduziu a esta situação caótica, não consigo encontrar outras palavras.
Há que mudar a matriz económica, está esgotada e a sua gênese e ideologia completamente errada, nem que para isso tenhamos que mudar de governo.