Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos
O mercado de ações gerou pânico em muita gente este ano com seis circuit breakers no primeiro semestre. Vimos o Ibovespa despencar mais de 40% e nos últimos meses uma forte recuperação fez o índice tocar nos 100 mil pontos novamente. Mas o que está por trás dessa alta se o coronavírus continua se propagando e as economias do mundo inteiro ainda sofrem com o isolamento social? É sobre isso que eu quero falar com você hoje.
O que explica, em partes, esse movimento são os pacotes anunciados pelos Bancos Centrais de todo o mundo, em especial o Europeu e Americano, que, juntos, já liberaram mais de US$ 17 trilhões em estímulos. Por outro lado, quando surgem notícias positivas em relação à recuperação econômica e ao tratamento do novo vírus, as bolsas também reagem de forma positiva.
No cenário interno, a Selic em níveis mínimos históricos também tem gerado um resultado bastante interessante no fluxo de capitais, ajudando a sustentar esta alta. Inclusive existem estudos recentes mostrando que o fluxo vindo da renda fixa pode acrescentar cerca de 1 trilhão de reais no mercado de ações.
Os riscos, no entanto, ainda estão presentes. Caso a doença volte a se alastrar em ritmo mais forte, os governos precisarão rever as regras de afrouxamento do isolamento social, o que sem dúvida nenhuma impactaria os negócios como um todo. E a bolsa também.
O grande ponto é que não dá para saber quando haverá outro crash no mercado. Neste sentido é importante se manter informado e diversificar a sua carteira como forma de proteção. Existem alguns tipos de ativos que podem ser interessantes nesses momentos, mas vale ressaltar que se você tiver alguma dúvida, o mais recomendado é procurar a ajuda de um especialista.
Uma das classes que cumpre a função de proteger a carteira é a de fundos cambiais. Eles têm como objetivo acompanhar o movimento de alguma moeda estrangeira estipulada como benchmark (referência).
Portanto é correto dizer que o retorno desse tipo de produto depende da variação positiva do câmbio. Ele possui uma característica de prevenção frente às oscilações e movimentos exagerados do mercado que podem desencadear uma desvalorização frente ao real.
Vale a ressalva de que no Brasil, de acordo com exigências da CVM, 80% do patrimônio líquido do fundo cambial deve estar investido em ativos relacionados à moeda estrangeira, podendo o restante ficar alocado em renda fixa, reduzindo, assim, parte do risco.
Outro tipo de ativo comumente utilizado em momentos de turbulência é o ouro. Desde o início da crise, em março, o ativo se valorizou cerca de 30% e é um tipo de investimento empregado como forma de proteção há muito tempo.
E aqui deixo uma dica valiosa. Quando as bolsas despencam são geradas várias distorções nos preços e geralmente as ações de boas empresas ficam mais baratas do que deveriam. Por isso, tenha sempre algum dinheiro em caixa para aproveitar essas oportunidades.
É claro que montar uma estratégia mais conservadora não te deixará imune à volatilidade do mercado. O meu objetivo aqui é te apresentar alguns caminhos para minimizar os impactos de possíveis desvalorizações na sua carteira. Para ter consistência e se aproximar cada vez mais da sua liberdade financeira, é preciso estudar, se informar e ter foco no longo prazo. Até o próximo artigo!