Ufa!?
Após o segundo maior valor de fechamento da história, o dólar está próximo à estabilidade no momento em que escrevo.
E após sete quedas seguidas, a Bolsa finalmente tem alta com a valorização das ações de commodities.
O que mudou?
Tanto pelas variações (tímidas) quanto pelo noticiário (esvaziado), fica um tanto claro que tudo continua no mesmo lugar - e não é em seu devido lugar...
Contando esta terça-feira temos 9 dias seguidos de paralisação ou suspensão dos negócios com títulos do Tesouro Direto.
Separando o trigo...
Poxa, a Bolsa sobe com ações de commodities?
Só para você ter ideia da sustentabilidade desse movimento...
Vale e Petrobras (SA:PETR4) são as grandes protagonistas do pregão.
Vale cortou dividendos. Isso é positivo? É, ao menos, sensato.
Ora, se a mineradora está em um esforço danado para reduzir custos e despesas operacionais, enxugando despesas com vendas gerais e administrativas em -15,9%, gastos com Pesquisa & Desenvolvimento em -22,3% e despesas pré-operacionais e de parada em -15,8% na última apresentação de resultados, é de se esperar que adeque sua política de dividendos à nova realidade operacional e setorial (diante da queda do preço do minério de ferro).
Grosso modo, a mineradora está abrindo mão de um agrado pontual ao acionista para ficar mais enxuta e resiliente para enfrentar um agravamento adicional de cenário.
... do joio
Já a Petro sobe em meio a especulações de que pode - adivinha! - aumentar o preço da gasolina e do diesel.
Poxa, com o petróleo a US$ 40?
Isso mesmo.
A estatal precisa se financiar de alguma forma. Suas contas não fecham (fluxo de caixa livre negativo) e as obrigações de dívida dispararam com a disparada do dólar.
O que resta?
Pedir mais dinheiro para o mercado. Pagar dívida emitindo mais dívida, não lhe parece óbvio?
O problema é que os esforços de captação da empresa têm sido em vão.
Segundo coluna da Veja, as reuniões da empresa com investidores na tentativa de vender suas debêntures têm deparado uma barreira em uníssono: “sem aumento de combustíveis, e um corte de verdade nos gastos e investimentos, há muito risco em emprestar para eles.”
Esqueceu o plano de desinvestimentos?
Não.
Mas qual a posição atual do ambicioso plano de vendas de ativos da empresa?
E por quê?
Pelo motivo, um tanto óbvio, de que este é um dos piores momentos em anos para se vender ativos.
Estudo da EIA (U.S. Energy Information Administration) mostra o quanto o ciclo de investimentos do setor nos próximos 10 anos será afetado pela queda do preço barril:
O interesse internacional em ativos de Exploração & Produção de petróleo tem caído muito, enquanto a oferta de ativos de boa qualidade à venda no mundo tem aumentado, mas poucos negócios tem se concretizado.
A saída inevitável
A mesma que defendo há dois anos: sem conseguir captar dinheiro via emissão de mais dívida, sem conseguir vender ativos, e sem prognóstico de geração caixa de forma consistente no curto e médio prazos, resta para a estatal emitir novas ações.
Poxa, mas nesses preços da ação e com o dólar nestes níveis não seria uma privatização velada da companhia? Uma forma de entregar o “orgulho” nacional de mão beijada para os gringos?
Não se a União participar do processo, de forma a não ter a sua participação diluída...
Mas se o governo enfrenta um rombo fiscal e a União não tem dinheiro para aportar na companhia, o que ela pode fazer?
Expediente conhecido, ela vai aportar o Oceano Atlântico na empresa, mais uma vez. E a empresa que se vire com a comprovação de reservas e os custos de produção.
Vamos fazer assim: você aporta o seu dinheiro na Petrobras.
E eu, governo, aporto prospectos de barris de petróleo potenciais que estão a 5 mil metros de profundidade.
E o minoritário ó...