Os primeiros dias da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxeram vários lembretes aos mercados do viés desenvolvimentista e intervencionista do novo presidente, que já fez novas críticas ao teto de gastos, revogou atos que davam andamento à privatização de uma série de estatais e prorrogou medidas de desoneração dos combustíveis, contrariando a vontade expressa por seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele (Haddad) disse, ontem, que o governo pretende começar a discutir as reformas tributária e fiscal com o Congresso apenas a partir de abril, argumentando que é necessário aguardar a posse dos novos parlamentares em fevereiro e a formação de bancadas e comissões temáticas no Legislativo.
Os mercados têm se mostrado descontentes com a falta de detalhes sobre qual será o arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos e seu cronograma de implementação.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse ontem que o ministro da Fazenda deve encaminhar ao presidente até a próxima semana o que chamou de "plano de voo" para reduzir o déficit primário de cerca de 230 bilhões de reais previsto no Orçamento deste ano.
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No cenário internacional teremos hoje a ata do Federal Reserve da última reunião de política monetária. Em dezembro, o banco central dos Estados Unidos elevou sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, desacelerando o ritmo de aperto em relação aos ajustes de 0,75 ponto promovidos em 4 encontros anteriores, mas alertando que os custos dos empréstimos podem encerrar o atual ciclo em nível mais alto do que o esperado pelos mercados.
Ainda na análise internacional vimos que o FMI espera que “um terço da economia mundial entre em recessão” porque os EUA, a Europa e a China estão a abrandar simultaneamente, enquanto ainda há 25% de chances de o Produto Interno Bruto mundial crescer menos de 2%, o que é classificado como uma recessão técnica.
Na Europa, as preocupações com o estado das finanças se tornam mais intensas quando se considera que em março, como já anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE), o banco começará a colocar de volta no mercado os 5 trilhões de títulos do governo adquiridos durante os vários programas de flexibilização quantitativa dos últimos anos.
Apesar de terem ultrapassado o seu pico, as pressões inflacionistas continuam elevadas com os bancos centrais a continuarem a mostrar uma postura agressiva indicando que as subidas das taxas de juro ainda não terminaram (embora as próximas subidas sejam inferiores aos precedentes de intensidade).
Os grandes desafios para o câmbio neste ano será o posicionamento ainda agressivo do Fed no combate à inflação, aliado às incertezas domésticas sobre a saúde das contas públicas brasileiras. Vamos acompanhar…
No calendário de hoje teremos no Brasil PMI de dezembro e IPP de novembro. Nos EUA PMI industrial de dezembro e ofertas de empregos de novembro. As 16 horas sairá a Ata do Fed. Já na Europa hoje temos PMI de dezembro.
Boa sorte a todos! Segue volatilidade, talvez hoje (seria bem normal) um pouco de realização após fechamento de ontem com dólar à vista cotado a R$ 5,4535, mas a depender das notícias políticas e da ata do Fed, essa realização de lucros pode não ocorrer. No acumulado das últimas três sessões, a moeda norte-americana sobe 3,77%.
Respira, conta até dez e leia muito, não opere grandes lotes e faça preço médio. Sem esquecer que aqui é Brasil, ou seja, os movimentos no câmbio são muito intensos. Num mesmo dia podemos ter troca de sinal na moeda e muita volatilidade.