Um novo rali nas commodities, que compõem boa parte da pauta de exportação do Brasil, deu sustentação à taxa de câmbio ontem. A eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia e seus desdobramentos no mundo podem impor mais um vento contrário à economia do Brasil via canal de inflação e juros mais altos, mas o salto dos preços de algumas commodities exportadas pelo país pode servir de contraponto e até mesmo proteger a atividade de impactos mais severos.
O dólar à vista caiu 0,91%, a R$ 5,1094. Foi um dia bastante volátil. Chegou a operar a R$ 5,2243 reais, alta de 1,32% e R$ 5,1014 na minima, queda de 1,06%.
Os mercados recuperaram-se também com as sinalizações de política monetária nos Estados Unidos. O chefe do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, disse ser favorável a uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros neste mês, esfriando ainda mais apostas do mercado de um movimento mais agressivo do Fed, de até 50 pontos-base.
Os fatores que podem ser considerados para a valorização do real, a divisa de melhor desempenho do mundo em 2022, é a combinação entre chances de uma política monetária menos apertada nos EUA, matérias-primas em alta e impactos contidos da crise russa na economia mundial, além é claro, da nossa interessantíssima Taxa Selic e previsão de mais altas para este ano.
No calendário econômico de hoje temos a publicação da ata da reunião de política monetária do BCE. Nos EUA os pedidos iniciais por seguro desemprego, o PMI de fevereiro e por aqui o fluxo cambial estrangeiro.
E será que esse dólar cai mais? Opinem aqui pessoal. Até quanto pode ir? (Lembrete que o comercial chegou a ficar abaixo de R$ 5,00 recentemente).
Pelo jeito, na minha opinião, o cenário macro atual permite que investidores iniciem estratégias de retorno/volatilidade favoráveis, particularmente em dólar/real e a relação retorno/volatilidade vem aumentando desde o ano passado devido ao aperto monetário em curso pelo Banco Central. Com os próximos aumentos de Selic, o dólar ainda deve cair mais. Isso com intervalos de “confusões com a questão Rússia/ Ucrânia, e as eleições aqui que não podem ser deixadas de lado. Um impulso adicional nas exportações poderia aumentar os ingressos de recursos ao país, elevando a liquidez em moeda estrangeira e, assim, ajudando a baixar o dólar. Mesmo diante do nervosismo global por causa do conflito bélico, o real tem mostrado resiliência.