Temos insistido que será fundamental e absolutamente prioritária a mudança da logística da política cambial por parte do governo, até porque, somente permitindo que a moeda americana assuma seu preço justo poderá proporcionar que setores da economia passem a demonstrar vitalidade para sair do estado de inércia e, também, que reaja de forma correta para proteger sem benesses outros setores importantes.
Afora o amplo desafio que este novo período do governo Dilma reeleito deverá enfrentar para repor os números amplamente deteriorados da economia e especialmente fiscais advindos do seu período governamental antecedente, o setor externo tem tudo para tornar-se um relevante problema a mais para o Brasil.
O país está no fundo do poço no quesito atratividade perante os investidores nacionais e estrangeiros em conta capital, o que é indispensável para a dinamização de setores relevantes da economia brasileira e até mesmo para sustentabilidade justa de outros.
O governo precisará de tempo para que os ajustem ganhem efetividade ao longo de 2015 e 2016, mas como já não conta com o benefício da dúvida pelo desempenho decepcionante no mandato anterior, precisa sinalizar reação ante o estado atual com ação-reação de curtíssimo prazo, sendo imperativo que algo seja feito para mexer nas expectativas imediatas e que causem impacto na atividade econômica de forma a dar crença a todas as demais em perspectiva.
É verdade, o país tem um comando da economia novo, mas com a indiscutível interferência da própria Presidenta, mas enquanto os novos integrantes passam confiança, a credibilidade virá tão somente com resultados, já que boas intenções tão somente representam a vontade de mudar.
Então enquanto o rigor da nova política fiscal deve se consolidar no mínimo até 2016, o que se lograr sucesso terá relevante impacto sobre as pressões inflacionárias, o BC deverá cuidando das mesmas com juro e medidas prudenciais eventuais, mas desta vez sem contar com o dólar com preço depreciado a serviço da contenção da inflação e em desserviço a economia nacional.
O dólar com seu preço ajustado, sem benesses, deverá ser o fator que proporcionará ao governo reações amplamente positivas reabilitando o setor industrial da economia brasileira em todos os seus segmentos, estimulando sua competitividade no comércio exterior e também no mercado interno pelo encarecimento justo do preço do produto concorrente importado, contribuindo para a redenção da balança comercial brasileira também expressivamente deteriorada neste ano de 2014, registrando até novembro resultado negativo de US$ 4,35 BI, mesmo tendo havido expressiva contribuição de exportações de plataformas da Petrobrás que sequer saíram do país.
A economia chinesa da qual o Brasil tem ampla dependência das nossas exportações agrícolas e de minério dá sinais de queda de atividade, havendo ainda muitas dúvidas sobre a Europa e Estados Unidos, Europa e Japão, e tudo isto está contribuindo para que se firmem as expectativas de menor demanda e menor preço no mercado internacional destes produtos com grande peso na nossa balança comercial.
Temos agora o reverso do “boom” das commodities com que foi favorecido o governo Lula, agora como é normal ocorrer em todos os países que tem moedas ligadas a commodities, precisamos ter a moeda nacional mais fragilizada, minimamente no seu preço justo sem benesses, para manter a remuneração adequada aos produtores.
O dólar com preço ajustado é o instrumento único com a eficácia de estimular a reativação do setor industrial brasileiro e manter remuneração adequada aos produtores de commodities agrícolas e metálicas, mantendo-os estimulados.
Por este caminho acreditamos que pode ocorrer uma mudança relevante e capaz de proporcionar movimentos estimulantes novos no setor industrial, que atualmente regride, já gera desemprego e perda de renda, e assim não arrecada para o governo.
O que ainda nos surpreende é que muitos que alardeiam pela necessidade de mudanças na gestão por parte do governo, no fundo denotam querer mais do mesmo por isso acreditam que o BC vai continuar adotando as velhas práticas oriundas da convivência com uma gestão fiscal expansionista sem ter recursos suficientes e que implicava na apreciação descabida da moeda nacional, desconstruindo a indústria nacional e estimulando as importações.
Por isso, acreditamos que o dólar será mantido com a sua taxa ajustada à sua realidade frente aos fundamentos atuais da nossa economia, algo em torno de R$ 2,60, por ser absolutamente inevitável.