A semana que passou foi 'comprometida' pelo tweet que Donald Trump enviou no Domingo, dia 05 de Maio, afirmando que U$ 200 bilhões em produtos chineses importados pelos EUA passariam a ter suas alíquotas aumentadas de 10% para 25%. Um duro golpe para os principais mercados financeiros de todo o mundo, já que a medida pode impactar a economia global como um todo. Mas por quê?
A resposta, de forma bem resumida e direta, é relativamente simples. Com o aumento da tributação pelos EUA, os produtos chineses podem acabar perdendo competitividade no mercado americano (pois ficarão mais caros), sendo esse um dos principais mercados consumidores do mundo, e um dos mercados mais importantes para China em termos de exportação, isto é, em volume de vendas, (ou de uma forma mais formal, em PIB - Produto Interno Bruto).
Obviamente, que se as empresas chinesas sofrerem com essa possível perda nas suas receitas sobre vendas, precisarão encontrar formas de reduzirem custos a fim de tentarem equacionar os seus respectivos fluxos de caixa (cabe lembrar que uma série de empresas chinesas estão super alavancadas, ou seja, muitíssimo endividadas - e foi esse um dos motivos que fez com que a China não depreciasse a sua moeda artificialmente a fim de burlar ou mitigar a pressão americana sobre as suas exportações). Corte de custos no curtíssimo prazo no mundo corporativo significa 'reestruturação organizacional', ou num linguajar mais chulo, demissão, corte do número de postos de trabalho, aumento no nível de desemprego.
Quanto maior o desemprego, menor tende a ser o consumo de uma determinada economia. Como a China é também um tremendo importador de bens e serviços de uma série de países (até por ser a federação mais populosa do planeta), a redução do consumo deste acarretaria na diminuição no nível de exportação, e consequentemente de produção, desses vários outros países (inclusive do Brasil)... que sendo assim, sofreriam em cascata com o aumento de desemprego, e por fim, com seus próprios níveis de consumo.
E onde entra os Estados Unidos nisso tudo? Ora bolas, o país liderado por Donald Trump também é um grande exportador de bens e serviços. Se uma série de países, como mencionado acima, perderem seu poder de consumo, para quem então os americanos venderão todo o seu nível de produção atual?
E então, chegamos a grande pergunta: e porque então o presidente americano vem pressionando a China, mesmo sabendo de todos esses riscos?
A economia americana vem num ritmo de crescimento robusto nos últimos 11 anos, depois da crise dos subprimes (ativos imobiliários sem lastros) - não vamos entrar em detalhes neste artigo semanal sobre os mecanismos utilizados pelo Fed para reaquecer a economia americana. Mas enfim, para encurtar a 'prosa', é extremamente difícil manter um ritmo considerável de crescimento e mantê-lo por tanto tempo. E foi nessa dificuldade que Donald Trump enxergou uma oportunidade de aumentar ainda mais a atividade da economia americana, caso consiga equilibrar a balança comercial com a China, ou seja, aumentar também o seu nível de vendas (exportação) para o país Asiático, via equilíbrio de transações comerciais entre as duas nações.
Em outras palavras, a mensagem de Donald Trump é: ou vocês compram mais da gente, ou acabamos com a economia de vocês, mesmo com o risco eminente de criarmos uma recessão de escala global.
Se o presidente americano vencer essa queda de braço com a China, chegará às vésperas da eleição presidencial por lá com a economia americana mais pungente como nunca, e sua reeleição será só questão de mera formalidade.
Por aqui, além da 'tweetada' de Donald Trump, o governo de Jair Bolsonaro sofreu importantes derrotas durante a semana que passou, tanto com a decisão de 'devolverem' o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia, assim como a proposta de que auditores da Receita Federal sejam proibidos de investigar crimes não fiscais, como corrupção.
Nesta última semana também, se iniciaram os trabalhos da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, que nesse momento analisam e debatem os detalhes da proposta da reforma da previdência.
Sobre essa também, todo esse debate é mero jogo de cena. O país precisa da reforma da previdência para equacionar as suas contas, embora na proposta atual hajam algumas lacunas não tão bem explicadas. O grande embate no nosso ponto de vista ficará por conta das alterações e cortes que a atual proposta sofrerá - já que no jogo político, ninguém quer 'entregar o ouro para o bandido'. O que isso quer dizer exatamente? Quer dizer que alguns vários partidos não vão querer que uma reforma robusta seja aprovada, pois isso geraria um aumento na confiança dos investidores, melhora da economia interna, e consequentemente, aumento de popularidade para esse atual governo numa possível tentativa de reeleição futura (mesmo que nós, cidadãos, soframos com tudo isso).
Sendo assim, não diferente dos principais índices do mundo, o IBOV futuro fechou a semana no negativo. Tecnicamente falando (com base no gráfico diário), podemos ver que o mesmo continua lateralizado (vide retângulo em roxo do gráfico abaixo), e não há de fato como prever o seu próximo movimento. Como citado acima, as decisões em torno da reforma da previdência serão primordiais para que o mercado tome uma direção, e saia desta atual contexto de consolidação.
Os contratos de dólar futuro tiveram uma queda moderada, acompanhando o movimento do índice dólar (DXY), que compara a moeda americana contra uma cesta de outras moedas.
Os índices americanos embora estivessem rondando suas máximas históricas, também sentiram o acirramento das tensões relativas à guerra comercial entre EUA e China, e fecharam a semana passada também em queda.
O mesmo aconteceu com o preço do barril de petróleo, que com uma eventual desaceleração da economia global, pode ver a relação oferta / demanda da commodity em cheque.
Abaixo podemos ver como alguns índices e commodities se comportaram na semana que passou:
Olhando para o calendário econômico, nesta semana teremos a divulgação da ata do COPOM, atividade industrial na China e nos EUA, e também vendas no varejo deste último. Sumarizamos abaixo, o calendário divulgado pela Investing.com, filtrando apenas os eventos que normalmente trazem mais volatilidade aos mercados.
É importante também ficar de olho, já que uma série de empresas divulgarão seus resultados do 1o trimestre de 2019, conforme lista abaixo:
Forte abraço, e....
Bora pra cima !!!