O real liderou os ganhos entre as principais moedas globais no pregão de ontem. Os analistas de câmbio que me perdoem, mas não consegui achar fundamento algum nas análises que li. A única coisa foi que esse aumento do IPCA acima do esperado pode levar o Banco Central a elevar a taxa de juros ainda mais do que o já precificado pelo mercado.
Vamos aos fatos: investidores replicaram o movimento global de fraqueza da moeda norte-americana após algum alívio com as perspectivas para a política monetária nos EUA. Que alívio foi esse?
O chairman do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, teceu comentários sobre política monetária e inflação dentro do esperado. Pois é, mas e daí? Afinal, o normal é que ele faça comentários dentro do esperado. Até aí, na minha opinião, o dólar se fortalecerá, afinal subir juros lá, e mais rápido e mais vezes do que o mercado esperava, traz força para o dólar. As declarações de Powell ontem foram consistentes com uma elevação de juros no país em março. As declarações de outros dirigentes também foram neste sentido.
Apenas o fato de Powell ter observado que os membros do Fed ainda estão debatendo abordagens para reduzir o balanço da instituição e que às vezes pode levar duas, três ou quatro reuniões para que uma decisão seja tomada, foi o fato que realmente, a meu ver, deu um alívio ao mercado. Quanto mais demorar essa decisão, tanto melhor para os emergentes. Aqui se enquadra o real também obviamente.
A sinalização pelo Banco Central dos EUA sobre corte no tamanho de sua carteira de ativos provocou um rali do dólar na semana passada, e os comentários menos assertivos de Powell nesta terça sobre o tema contribuíram para uma realização de lucros na moeda norte-americana. Mas cair 1,63%, a R$ 5,5801, achei um pouco demais. Hoje vamos ver se corrige… tem sido assim. Cada dia uma novidade, só que não. Sempre mais do mesmo.
Para esse ano, o que é certeza é que teremos muita volatilidade, mas penso que vivemos em um ambiente de dólar forte no mundo. E aqui com eleições e risco fiscal, mais ainda.
Eleições 2022: O que o investidor precisa saber para não ser surpreendido?
A inflação ao consumidor de 2021 medida pelo IPCA saltou mais de 10%, ficando bem acima da meta. Esse dado é ruim para economia brasileira, mas mercado interpretou como possíveis altas mais fortes na Selic e, portanto, baseado nisso, acreditou no movimento de atratividade de capital para cá, onde o investidor terá uma taxa de retorno bem acima do que de outros países. Daí sim, ponto para o real. Mas e os riscos? Acabaram?
Realmente leitor, um dia estamos em plena pandemia de ômicron, inflação super alta e risco fiscal, greves e teto de gastos rompido, no outro otimismo com o Fed. Mercado de câmbio definitivamente não é para amadores rsrs.
Com o tombo desta terça, o dólar praticamente zerou a alta acumulada no ano, que passou a ser de apenas 0,07%. O dólar futuro para fevereiro fechou a R$ 5,59350, em queda de 1,70%, com giro de US$ 12,49 bilhões.
No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes e passou a trabalhar em queda firme e registrou mínimas na casa de 95,500 pontos ao longo da tarde. A moeda americana também caiu em relação à maioria das divisas de países emergentes e de exportadores de commodities.
Agenda de hoje: IPC de dezembro nos EUA, Livro Bege e balanço orçamentário federal, aqui confiança do consumidor e fluxo cambial.
Bons negócios a todos!