Como dizem, foi fogo de palha no mercado. O risco político no Brasil está afastando investidores internacionais, que temem uma maior volatilidade caso os conflitos se mantenham até as eleições do ano que vem. Fundos estão reduzindo a sua exposição ao mercado brasileiro. Aversão a risco é a palavra do momento.
Aqui mais do mesmo: crise hídrica, inflação, risco fiscal, variante delta. É de se esperar um Copom deste mês mais forte, com alta da Selic acima de 1 ponto percentual, talvez para 6,5%, atualmente em 5,25%, pelas pressões inflacionárias e a desancoragem das expectativas.
Ministro da Economia Paulo Guedes tem as mesmas demandas dos últimos dias, os precatórios e a obtenção de recursos para o Auxílio Brasil. Nesta semana, Guedes e equipe se reúnem com lideranças dos outros Poderes: os presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL), do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e do STF Luiz Fux para tratar desta agenda. A reforma do Imposto de Renda (IR) aprovada na Câmara dos Deputados, que implica perda de arrecadação, não compromete a redução da dívida bruta do país, mas posterga esse movimento, reconheceu a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia. A reforma do IR ainda precisa da aprovação do Senado. Pelo texto aprovado na Câmara, o encargo total sobre o IR das empresas cairia para 26%, de 34% hoje. Isentos desde 1995, os dividendos distribuídos pelas empresas passariam a ser tributados em 15%.
Boletim Focus de ontem mostrou alteração no cenário para a moeda norte-americana em 2021. A mediana das expectativas para o dólar no fim de período foi de R$ 5,17 para R$ 5,20. Os agentes do mercado financeiro continuaram aumentando suas previsões para a inflação neste ano, para 8%, e em 2022 para 4,03%. Para 2021, a meta de inflação é de 3,75% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, em 8% a inflação superou o teto dessa meta. Já para o ano que vem, a meta é de 3,5%, o que mantém as projeções dentro do intervalo de tolerância. As expectativas para o crescimento do país em 2021 caíram pela quinta semana seguida. O mercado espera uma alta de 5,04% contra um crescimento de 5,28% esperado há um mês.
Cuidado com analises para câmbio em cima de Ibovespa e DXY porque, no caso do Ibovespa, podem aparecer oportunidades em ações que não tâm nada a ver com a questão de câmbio. Quanto ao DXY, funciona para o mundo, mas aqui muitas vezes o DXY está em alta e o dólar fecha em baixa ou vice-versa, pois aqui o componente político pesa muito, e principalmente neste momento atual do Brasil, de polaridade e ânimos acirrados.
Dando uma olhada na zona do euro, os preços vêm subindo mais do que o esperado na zona do euro, mas o BCE tem mantido a visão de que o avanço é temporário, causado por preços mais elevados de petróleo e matérias-primas, além de uma escassez relacionada à pandemia em componentes como microchips. O banco central, que reduziu o ritmo de suas compras de títulos emergenciais na semana passada, não tem pressa para apertar a política monetária a menos que a inflação suba para sua meta antes do esperado.
Nos EUA, os democratas se mobilizam para sustentar os mega programas de estímulo econômico. Devem propor no Congresso um aumento de alíquota de imposto corporativo a 26,5%. Proposta é elevar a taxa de negócios, atualmente, de 21%, para algo em torno de 26% a 28%. O problema é que esta pesada taxação sobre as empresas devem inibir novos investimentos.
Esta semana é de silêncio com os diretores dos Federal Reserve (Fed) regionais não podendo emitir opinião. As expectativas dos consumidores nos EUA sobre a variação da inflação durante o próximo ano e os próximos três anos subiram no mês passado para seus níveis mais altos desde 2013, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Fed de Nova York. As expectativas de inflação para o próximo ano foram elevadas pelo décimo mês consecutivo, para uma mediana de 5,2% em agosto, de acordo com a pesquisa mensal de expectativas do consumidor. As expectativas de inflação para os próximos três anos avançaram para uma mediana de 4,0%.
O argumento a favor de uma abordagem mais paciente por parte do Fed. em relação ao tapering tem se fortalecido e olhares do mercado hoje devem estar voltados para o anúncio dos números da inflação ao consumidor nos EUA de agosto, o foco sobre os números do IPC de agosto pode ser maior que o habitual para tentar saber se a inflação irá ceder por lá. O momento em que os EUA e outros bancos centrais irão optar por reduzir seu estímulo econômico é fundamental para o apetite por risco dos mercados.
Agenda de hoje, dados de inflação nos EUA (IPC). Na China, também temos as vendas de varejo e a produção industrial. Por aqui, dados de serviço de julho, do IBGE.