O dólar voltou a subir na manhã de ontem acompanhando a aceleração da alta da moeda americana no exterior, reagindo à inflação ao produtor americano e puxada pelo avanço do rendimento dos Treasuries, após o IPP dos Estados Unidos acima do esperado, com alta de 0,8% em maio ante abril, ante previsões de +0,5%. O núcleo do IPP subiu 0,7% no mês, em relação a abril. O país também publicou os dados das vendas no varejo do mês, com queda de 1,3% na base mensal. Todos esses índices indicam que nos EUA a economia está em ampla recuperação, mas ainda levará tempo para chegar a uma estabilização e aos níveis pré-pandemia. A partir das 15 horas caiu, refletindo uma volatilidade já esperada para período pré-decisão de juros. A decisão será hoje às 18 horas, após o fechamento do mercado.
Otimismo com vacina anima o mercado. A imunização mais rápida em São Paulo traz uma expectativa de retomada mais firme na atividade econômica. De ruim temos o aumento na conta de luz, com previsão de reajuste de mais de 20%.
Hoje teremos MP da Eletrobras (SA:ELET3) no Senado, com previsão de mudança no texto e devolução para Câmara.
Mercado dividido nas apostas quanto à taxa de juros, a maior parte se mantém no 0,75 ponto e a menor parte em 1 ponto de aumento devido à inflação mais acelerada e o fôlego da atividade econômica. Qualquer surpresa com o Copom trará euforia ao investidor que gostaria de ver um Banco Central mais agressivo no comunicado tirando a expressão “ajuste parcial”. A primeira opção do mercado não é o aumento de 1 ponto no juro, mas cairia bem para ancorar as expectativas quanto à inflação e os riscos domésticos. Ainda assim se acontecer o 0,75 ponto, mas vier com a sinalização de normalização completa do juro no ano, já será bom. A atenção estará na linguagem do comunicado.
O receio do mercado é com um IPCA fora de controle em 2022 pelo boom das commodities, aceleração na economia e inflação mais forte com a crise hídrica.
Moody's projeta alta de 4,9% do PIB do Brasil em 2021, com potencial maior caso vacinação acelere.
Quanto ao Federal Reserve (Fed), existe a especulação a respeito da retirada antecipada de estímulos da economia, mas não deve ser tão já, afinal, o discurso é de que a inflação por lá é transitória. De qualquer forma um juro próximo a zero nos EUA afasta o investidor de lá e traz para mercados emergentes mais atrativos quanto a juro, caso do Brasil. Esse movimento ajuda na apreciação do real. Ás 15 horas sairá à decisão do Fed, seguida de entrevista do presidente da instituição Jerome Powell às 15h30.
Após as decisões de juros, dólar deve mesmo cair, resta saber quanto e até quando. Existe analista de câmbio falando em R$ 4,60/4,80, ou até menos se o investidor estrangeiro, em especial o especulativo, vier fazer “carry trade” no nosso mercado aproveitando a alta do juro. Minha aposta é menos agressiva, se furar a base de R$ 5,00 hoje estará respondendo as decisões de juros cá e lá fora. Vamos manter o pé no chão e acompanhar a política também, quem acompanha o câmbio de perto sabe que qualquer “escorregada” na política a reação é considerável.