O medo da inflação nos EUA e da alta antecipada de juros por lá, além dos riscos fiscais por aqui, deram força ao dólar.
O dólar ontem subiu ante o real, movimento amplamente em linha com a força da divisa norte-americana no exterior. O principal catalisador disso foi a divulgação de dados do varejo dos EUA, novamente acima do esperado. Além disso, uma leitura separada do Departamento do Trabalho mostrou que os preços de importados na maior economia do mundo saltaram no mês passado, reforçando sinais de persistência da inflação.
Ambos os indicadores podem elevar a pressão sobre o Federal Reserve (banco central dos EUA) para que aperte a política monetária mais cedo do que o esperado de forma a conter a inflação. A maior economia do mundo tem sofrido com preços mais altos em meio à retomada da economia depois das restrições causadas pela pandemia, afetada ainda pela escassez de insumos e mão-de-obra.
Nesta terça-feira, um presidente regional do Fed disse que o banco central deve "seguir uma direção mais 'hawkish'" (inclinada a condições monetárias menos expansionistas) nas próximas reuniões para se preparar caso a inflação não comece a desacelerar. Juros mais altos nos EUA tendem a beneficiar o dólar globalmente.
O futuro do atual chairman do Fed, Jerome Powell, deve ser decidido nesta semana.
A produção industrial chinesa teve expansão anual de 3,5% em outubro, superando as expectativas do mercado. As vendas do varejo também subiram de 4,4% para 4,9 por lá. Apesar dos indicadores terem vindo acima do consenso, a economia chinesa continua deixando a desejar em termos de fôlego neste quarto trimestre.
Enquanto isso, o mercado continua à espera de uma solução para o Auxilio Brasil. Em Dubai, o presidente Jair Bolsonaro disse que a PEC dos Precatórios pode destinar parte dos recursos aos servidores públicos. Mercado reagiu mal a essa notícia. A ideia é negociar reajustes salariais aos policiais. O Ministério da Economia estuda há mais de três meses a possibilidade de um aumento aos servidores que estão com salários congelados.
O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG continua dizendo que não é o momento de flexibilizar o teto de gastos e que devemos respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se o Senado alterar o texto da PEC, ele volta para a Câmara, atrasando o calendário, já que a primeira parcela do Auxilio Brasil precisa ser paga este ano, devido às restrições da lei eleitoral.
O IBC-BR (prévia do PIB divulgado pelo Banco Central) caiu 0,27% em setembro, levantando suspeitas a respeito de recessão.
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 278 milhões na segunda semana de novembro (dias 08 a 14). O valor foi alcançado com exportações de US$ 5,808 bilhões e importações de US$ 5,530 bilhões. No acumulado do ano, o superávit da balança comercial é de US$ 58,718 bilhões até a segunda semana de novembro. O valor representa uma alta de 30% pela média diária, na comparação com o período de janeiro a novembro de 2020. Para o mês de novembro, até a segunda semana, o saldo da balança é de US$ 219 milhões.
No Boletim Focus, a previsão para a inflação em 2021 subiu de 9,33% para 9,77%, registrando a 32ª alta consecutiva e se distanciando ainda mais do teto da meta, de 5,25%. A estimativa para 2022 aumentou pela 17ª vez seguida, de 4,63% para 4,79%, mas ainda está abaixo do limite de 5,0% previsto para aquele ano. Para 2023, a projeção passou de 3,27% para 3,32%, e agora roda acima do centro da meta de inflação do período, de 3,25%.
Embora a taxa projetada pelas instituições financeiras para o encerramento de em 2021 e 2022 tenha permanecido em 9,25% e 11,00%, respectivamente, a previsão para a Selic em 2023 subiu pela quarta semana seguida, a 7,75%, sugerindo que o mercado agora espera uma reversão mais lenta do ciclo de aperto monetário que está em andamento.
A estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano caiu de 4,93% para 4,88%, enquanto a projeção para 2022 passou de 1,00% para 0,93%, recuando pela sexta semana consecutiva. O relatório Focus manteve o cenário do dólar em 2021 e 2022, nesta semana. A mediana das expectativas para a moeda norte-americana no fim deste ano permaneceu em R$ 5,50, pela segunda semana consecutiva. Para 2022, a estimativa para o câmbio também ficou em R$ 5,50, de R$ 5,25 há quatro semanas.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus passou a ser calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano. A mudança foi anunciada em janeiro pelo BC. Com isso, a autarquia espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
No fechamento desta terça, o dólar à vista valorizou-se 0,79%, a 5,4999 reais na venda. A cotação variou de 5,4301 reais (-0,49%) a 5,51 reais (+0,97%).