Esta semana será mais curta para o mercado financeiro, pois ontem foi o feriado americano de dia da independência e sexta-feira será feriado no Estado de São Paulo, portanto sem negócios na B3. Poucos índices no calendário da semana, IPCA, vendas no varejo e IGP-DI, além da questão tributária referente ao Imposto de Renda (IR). Na Câmara, os líderes tentarão acordo para aprovar as mudanças esta semana antes do recesso.
O projeto da reforma de IR se transformou em um cabo de guerra entre o ministro da Economia Paulo Guedes e os investidores do mercado financeiro devido ao aumento da carga tributária dos lucros e dividendos. Especialistas alertam que as grandes empresas vão reter volumes significativos dos lucros para fugir da nova tributação e, como consequência prática, haverá a redução da arrecadação efetiva do novo imposto. Também na política, que não pode ser deixada de lado quando se fala em economia, a CPI da pandemia escala as tensões, assim como a questão da rachadinha que surgiu ontem e nada disso é bom para o real. Atenção leitores que acompanham o dólar, pois essa antecipação de distribuição de dividendos e a saída de dólares tendem a pressionar o câmbio no final do ano.
Na quarta-feira sai o IGP-DI, que mostrará a medida da pressão inflacionária.
Na quinta-feira sairá IPCA de junho. Mercado está obviamente revisando este índice para cima devido à tarifação da energia elétrica maior por causa da crise hídrica.
O boletim focus divulgado pelo Banco Central ontem, assim como ocorre todas as segundas-feiras, nos trouxe as expectativas do mercado para a economia brasileira. São elas: a inflação do final deste ano foi elevada para 6,07%, contra 5,97% na semana anterior, a 13ª alta seguida. Em relação ao IPCA de 2022, as estimativas caíram de 3,78% para 3,77%, enquanto para 2023 ficaram em 3,25%. Os economistas elevaram as estimativas para a alta do PIB no fim do ano, com avanço projetado de 5,18% contra 5,05% na última semana. Para 2022, a estimativa de expansão caiu de 2,11% para 2,10%.
A taxa Selic foi mantida em 6,5%, a mesma projeção da última semana e elevaram para 2022 em 6,75%, já para 2023 e 2024 mantiveram 6,50%. Em relação ao dólar, as apostas caíram para R$ 5,04, ante R$ 5,10 na semana passada. Ontem também saiu o PMI do setor de serviços e foi o primeiro aumento dos últimos 6 meses. Em linha com o crescimento da demanda, as empresas fornecedoras de serviços do Brasil contrataram mais funcionários em junho, e o aumento das vagas foi o mais forte desde janeiro de 2020, encerrando um período de seis meses de cortes.
No Congresso teremos a comissão mista de orçamento para votar a lei de diretrizes orçamentárias até dia 17, pelo menos essa é a intenção.
No Banco Central, a indicada para diretoria de assuntos internacionais e riscos corporativos, Fernanda Guardado, deve ser votada amanhã.
Olhando para o exterior, as especulações são ainda sobre quando se dará inicio a retirada de estímulos nos EUA e poderemos ver algum sinal na ata de junho do Fed, que será amanhã. A maioria fala em alta de juro em 2023, mas existem apostas para aperto antecipado já em 2022. Para nós, quanto mais demorar o aperto, melhor.
Na Europa, o BCE divulgará na quinta feira a ata da reunião na quinta feira. Ontem os PMI da zona do Euro vieram acima das projeções.
Na China os dados das atividades não vieram bons e podem passar para as commodities. O PMI do setor privado caiu de 55,1 em maio para 50,3 em junho e foi o menor em 14 meses.
Na minha percepção, o Federal Reserve deve garantir um cenário ainda favorável aos emergentes por um tempo. Isso favorece o fluxo para o Brasil., atraído pelas novas doses de alta para a Selic, além das contas externas que também fazem parte do meu otimismo e, junto a isso, as projeções de um PIB maior e a o ciclo de alta das commodities. Apesar disso, meu otimismo não é tanto, pois a reforma tributária está pesando bastante na questão de ingresso de recursos e o noticiário político também não esta ajudando. Aliás, foi o que falou mais alto ontem e pressionou o câmbio ainda mais. Dólar chegou a bater R$ 5,0933 tentando romper os R$ 5,10.
Quem também sofreu pressão de alta ontem além do dólar foi o petróleo que fechou com ganho de mais de 1% no contrato futuro. A commodity foi apoiada pela notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não conseguiu novamente chegar a um acordo sobre a retomada gradual de sua produção. No fim, o grupo nem anunciou data para uma próxima reunião sobre o tema. Petrobras (SA:PETR4) eleva preço do litro da gasolina em 6% e do diesel em 3,7% a partir de terça feira. Os reajustes refletem a alta do Petróleo WTI no mercado internacional.
Calendário de hoje teremos na Europa vendas do varejo de maio, nos EUA o PMI composto e de serviços de junho. Por aqui, segue a “novela” CPI da covid e reforma tributária.
Mercado de câmbio deve manter a volatilidade entre dados e perspectivas positivas e noticiário e tensões políticas puxando o dólar para cima. Não podemos esquecer que quanto mais rápido vacinarmos teremos a diminuição das restrições e o aquecimento da economia, mas por enquanto dólar está mesmo apreciado.