A semana deve monitorar de perto a definição de taxas de juros aqui e no exterior com as reuniões de política monetária do banco central do Brasil e do Federal Reserve (Fed), dos EUA.
Na sexta-feira, mercado respondeu indigestamente ao decreto presidencial relativo ao aumento de IOF para cobrir os gastos com o novo Bolsa Família. Essa mudança já inicia hoje e vale até o ultimo dia deste ano. Foi um improviso diante das dificuldades de aprovar a PEC dos Precatórios. Esse anúncio antecipou a arrecadação de R$ 2,14 bilhões.
A proposta de taxação dividendos está emperrada no Senado, e a Câmara aprovou a tributação de 15%, seguimos na expectativa.
Fechamos a semana com a previa do IPC-Fipe, que subiu 1,21% na segunda quadrissemana de setembro, desacelerando em relação à alta de 1,34% observada na primeira quadrissemana deste mês.
No exterior, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 3% em agosto perante igual mês do ano passado, acelerando fortemente em relação ao acréscimo anual de 2,2% observado em julho. A inflação de agosto se afastou ainda mais da meta oficial de 2% do Banco Central Europeu (BCE), ao atingir o maior patamar desde novembro de 2011.
Nos EUA, a confiança do consumidor se estabilizou no início de setembro depois de recuar no mês anterior para o nível mais baixo em quase uma década, mas os consumidores continuam a ter uma visão sombria das perspectivas em meio ao salto da inflação. O índice de sentimento do consumidor subiu para 71 na primeira metade de setembro, de 70,3 em agosto – nível mais fraco desde dezembro de 2011.
Na China, continua a redução de produção do aço combinada com a crise de liquidez enfrentada pela gigante do setor imobiliário Evergrande (OTC:EGRNY) fazendo com que o minério de ferro aqui despenque.
A perspectiva é de que a taxa Selic persista no ciclo de alta para a inflação não fugir do controle. Parece que o mercado e o governo estão cada vez mais descolados, vivendo em realidades diferentes. Aliás, isso teve início, lá atrás, quando o Copom demorou demais para começar a subir o juro e agora parece estar correndo atrás. A política monetária demora de 6 a 9 meses para refletir de fato na economia, então fica a questão: será que vai dar tempo de o BC ancorar as expectativas para o IPCA de 2022?
O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, falou semana passada que pretende apertar o juro essa semana em apenas 1 ponto. Vamos ver...
Dólar segue tendência de alta no exterior, com investidores buscando segurança. Os riscos permanecem inclinados para o lado negativo devido à crise hídrica em deterioração e possibilidade de escassez de energia.
Parece que se aproxima o momento do Fed começar a retirar os estímulos da economia gradualmente é claro. A questão do teto da dívida dos EUA segue no radar. O governo do presidente Joe Biden alertou administrações locais para os riscos caso o Congresso não atue para elevar esse teto. A Oxford Economics diz esperar o "tapering" do Fed em dezembro ou janeiro, mas afirma que uma crise na questão do teto poderia atrasar o início da redução nas compras de bônus do BC americano. A semana promete volatilidade.