Ontem foi um dia de reação negativa à possibilidade de o Brasil eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo. O cenário da economia se torna muito turvo se isso ocorrer, pois o candidato não detalhou nada sobre suas propostas para as finanças, muito menos sobre quem assumirá o Ministério da Economia e qual seu comprometimento fiscal. O mercado entende que a continuidade do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) traria a continuidade de medidas econômicas que o mercado já conhece.
Contribuíram também para a alta do dólar ontem ruídos em torno de uma eventual contestação de resultado, caso vença o candidato do PT e até crise institucional. O estopim foi a exoneração de um servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável pelas inserções de propaganda eleitoral, após o governo acusar a Corte de suposto favorecimento de rádios à campanha de Lula.
Com o foco na corrida ao Planalto, o dólar negociado no mercado doméstico destoou completamente do comportamento da moeda norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de pares fortes despencava mais de 1% e a moeda norte americana fechou o dia ontem cotada a R$ 5,3821 na venda.
Minha opinião é que na semana que vem pós eleição, talvez não na segunda-feira (mercado ainda vai ter que digerir o resultado e teremos volatilidade) independente de quem ganhar a moeda brasileira vai se recuperar, afinal a incerteza será substituída por algum cenário real, ainda que não seja o melhor para o mercado.
Os fundamentos econômicos do Brasil são para o real, afinal o país oferece uma taxa de juros atraente para investidores estrangeiros. Nossa taxa de juros foi mantida em 13,75% ontem, o que ainda beneficia bastante o carry trade.
Quanto ao exterior, uma maior clareza dos mercados sobre qual será a taxa de juros dos EUA ao fim do seu ciclo de aperto, após meses de incerteza sobre até onde o Federal Reserve levaria os custos dos empréstimos, joga a favor de uma redução da instabilidade nos mercados globais, podendo favorecer o real à frente. O mercado ainda espera alta de 75 pontos-base na reunião de novembro do Fed, mas agora acredita que o enfraquecimento econômico levará a altas menores adiantes, inclusive em dezembro, quando poderia ser de 50 pontos-base.
Calendário de hoje teremos a decisão de taxa de juros e a declaração de política monetária do Banco Central Europeu. Nos EUA pedidos por seguro desemprego.
Aproveitem essa alta do dólar pois não deve ser duradoura. Ótimos negócios a todos!