O mercado do câmbio está com dois vetores puxando em direções contrárias. No exterior e aqui. Por um lado, internamente, temos a divulgação do texto do arcabouço fiscal trazendo uma lista de itens que não estariam sujeitos ao limite de gastos. A base de cálculo para gastos não inclui créditos extraordinários, transferências a fundos de saúde dos estados, despesas sócio-ambientais ou de universidades provenientes de doações.
No texto, foi estabelecido que para o período de 2024 a 2027 as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita líquida recorrente do governo. Até aí tudo bem. Haverá ainda um piso e um teto para balizar esse crescimento de gastos, que poderá variar anualmente entre 0,6% e 2,5% acima da inflação. Só que a forma de aferir a inflação no arcabouço fiscal para estabelecer os limites de gasto do governo tem potencial para ampliar a margem das despesas em 2024.
Por outro lado, temos o exterior, onde a moeda norte-americana se mantém em baixa ante outras moedas de exportadores de commodities.
Já as falas dos dirigentes do Fed vieram na mesma linha. Raphael Bostic (Atlanta) disse que defende mais uma alta dos juros, e que sejam mantidos por um bom tempo no mesmo nível, para garantir que a meta de inflação de 2% seja atingida. Jim Bullard (St. Louis) também defendeu mais altas nos juros e minimizou risco de recessão. Ou seja, ainda tem uma forcinha para o dólar por vir nesta próxima alta de 0,25 pp.
Nosso super parceiro comercial, a China trouxe ótima notícia ontem: o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima do esperado, com alta de 4,5% no primeiro trimestre. Olhando para a Europa, o Economista-Chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, também defendeu mais aperto monetário, dizendo que espera alta de juros em maio, e que ao fim do ciclo eles fiquem inalterados por um tempo para conter a inflação.
Com tudo isso, ontem o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9766 para venda.
Para hoje, no calendário econômico, teremos no Brasil a Produção Industrial. Nos EUA, o Livro Bege. Na Europa, pronunciamentos de Schnabel e Lane do BCE.
Vamos acompanhar as reações políticas e de mercado a esse novo texto do arcabouço e para qual direção o dólar vai.
Bons negócios a todos e que consigam realizar lucros.