Chamou minha atenção, e de boa parte do mercado, a atuação do Banco Central do mercado de dólar nos últimos dias.
O Banco Central realizou leilões e “vendeu” dólar, mesmo em dias em que o dólar já apresentava tendência de queda tanto contra o real como contra outras moedas emergentes.
A venda de dólares, mesmo quando a nossa moeda já tinha uma tendência de queda nestes dias, gerou uma pulga atrás da orelha e algumas discussões sobre qual é a estratégia do Banco Central fazendo isso.
Dentre as conversas, está a preocupação com relação a escalada do dólar recente, que foi amplificada por fatores políticos, com a troca de presidente da Petrobras (SA:PETR4) e receios de uma PEC Emergencial desidratada, com menor rigor no controle de gastos.
A escalada do dólar poderia pressionar ainda mais a nossa já muito pressionada inflação, cujo IGPM flerta com os 30% de alta em 12 meses e o IPCA ultrapassou 5%.
Como sabemos, o dólar alto frente ao real é um dos fatores importantes para a alta da inflação.
O mercado também se pergunta se a atuação da autoridade no câmbio teria alguma possível relação com as suas intenções na reunião do Copom da próxima semana, para o qual as apostas do mercado são em sua maioria de alta de 0,5 pontos na Selic, mas já há quem pense que 0,75 seriam mais apropriados.
Isso porque, no patamar atual da Selic, o nosso juro real, que é o juro descontado da inflação, está cerca de 3% negativo, o que faz os estrangeiros retirarem ainda mais dólares do país pelo efeito do carry trade, uma vez que há países de risco semelhante ou até melhor que o do Brasil com retorno real mais positivo e mais atrativo para eles colocarem seu dinheiro.
Outro fator que pesa para o aumento da Selic é a pressão nos Treasures americanos… Se os juros nos EUA precisam subir para conter uma possível inflação em uma recuperação econômica forte, já que por lá a vacinação está a todo vapor, qual a nossa atratividade para ofertar juros tão baixos ao investidor?
Fato é que, sabendo ou não os exatos motivos da atuação do banco central, alguns operadores e investidores já correm para desmontar suas posições que apostavam em um dólar ainda mais alto e contra o real.
A atuação do banco central, empurrando o dólar para baixo tende, assim, a ser amplificada por alguns fatores, seja a desmontagem de posições apostando contra o real, seja por conta do já quase certo aumento de juros na próxima semana.
Os ventos me sugerem um momento de respiro no câmbio, e confesso, estou torcendo por isso.
Dependendo do quanto e se o dólar cair, me jogo na compra, pois o Brasil as vezes me dá medo.