R$ 5,50 já não é mais barreira psicológica para o câmbio. Esse novo patamar é importante porque impacta na inflação. E os novos leilões de swap de ontem não seguraram o dólar. Muitos fatores estão trazendo o dólar para patamares bastante elevados. A desaceleração da economia mundial, a falta de insumos para cadeia produtiva, a inflação muito alta, o problema do orçamento nos EUA (esse pode estar próximo de um acordo), a proximidade da retirada de estímulos da economia americana, a crise hídrica, a China e as incorporadoras que não estão pagando seus credores, e por aqui, além da inflação e da crise hídrica, o problema fiscal que deixa o mercado sem saber o que ocorrerá com os dividendos, com os precatórios e de onde sairá o recurso para o Novo Bolsa Família e para o auxilio emergencial estendido. Até agora não há solução para resolver os precatórios (R$ 89 bi em 2022), que não deixam o programa ser absorvido no orçamento dentro do teto de gastos.
Não se iluda, a queda do IGP-DI de setembro é explicada pela queda do preço do minério de ferro em dólar. O índice registrou queda de 0,55% em setembro, após deflação de 0,14% em agosto. As vendas do comércio varejista caíram 3,1% em agosto na comparação com julho de 2021. No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 2,5% em agosto na comparação com julho.
O Copom perdeu uma grande chance, na última reunião, de aumentar um pouco mais os juros pra dar um melhor alívio ao mercado. A falta de percepção da força da inflação no país e sua alavancagem pelos preços, principalmente da energia e combustíveis, com enorme impacto no crescimento do país, trazendo o aumento da taxa de juros para apenas 1 ponto deixou o mercado decepcionado e preocupado.
O que o mercado deve acompanhar para ter ideia do que vai acontecer com relação aos EUA é o relatório ADP que saiu ontem. Esse relatório começa a preparar as expectativas para o payroll na sexta feira, que deverá confirmar o anúncio formal do tapering em novembro. Esse relatório ADP veio ontem bem forte e acima da previsão dos economistas. Powell já não esconde a cautela com a persistência dos preços altos, que justificam apressar a normalização da política monetária.
A secretária do tesouro americano Janet Yellen voltou a alertar sobre o risco de recessão caso o teto da dívida não seja elevado e os EUA tenham que decretar calote, ameaçando o rating triplo A do país. Na tarde de ontem, o principal republicano do Senado dos EUA, Mitch McConnell, disse que seu partido apoiará uma extensão do teto da dívida federal até dezembro. Isso evitaria um calote histórico com o potencial de gerar graves impactos econômicos. Os investidores ficaram mais otimistas pela perspectiva de democratas e republicanos no Congresso chegarem a um acordo para evitar o calote da dívida do governo.
O Fundo Monetário Internacional disse nesta quarta-feira que a alta nos preços ao consumidor deve atingir o pico neste outono do Hemisfério Norte e recuar para níveis pré-pandemia em meados de 2022, mas os riscos de que os picos de inflação gerados pela escassez se provem mais persistentes permanecem, desancorando as expectativas.
As projeções do FMI para as economias avançadas mostram que a inflação chegará a um pico de 3,6% no outono de 2021 e diminuirá para cerca de 2% em meados de 2022. Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento verão a inflação recuar para cerca de 4% no próximo ano, após atingir o pico em 6,8% neste outono
O Banco Mundial aumentou a previsão de crescimento para o Brasil em 2021, mas reduziu para 2022. O Brasil crescerá menos do que a América Latina e Caribe de 2021 a 2023, segundo estimativas do Banco. Neste ano, o Brasil deve crescer 5,3%, segundo as estimativas da instituição, enquanto a taxa média da região será de 6,3%. As projeções do Bird mostram que o PIB do Brasil subirá 1,7% em 2022 e 2,5% em 2023. No mesmo período, a média de taxa das nações será de 2,8% em 2022 e 2,6% em 2023.
O mercado de câmbio segue volátil e suscetível a cada mudança na política interna e externa.