Mercado está apostando numa alta antecipada do juro nos EUA, com o chairman Jerome Powell confirmado para mais quatro anos no comando do Federal Reserve (Fed). Segundo ele, a abertura da economia global e os efeitos contínuos da pandemia levaram ao desequilíbrio de oferta e demanda gargalos nas cadeias de produção e uma explosão na inflação.
O relator da PEC dos precatórios, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), apresentará hoje a versão final do seu parecer na CCJ do Senado. Se tudo der certo, a proposta será votada amanhã na comissão e semana que vem no plenário. O grande problema é o auxilio se transformar em “permanente” e não há fonte permanente de recurso para bancar este gasto, como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A proposta de “carimbar” os gastos com o Auxilio Brasil e despesa previdenciária é vista como expediente para evitar que a folga no teto de gastos expandido seja usada para uma “farra fiscal” no ano da eleição.
Para atualizar o impacto do teto de gastos, a economia revisou o IPCA deste ano de 8,7% para 9,6%, apesar de o mercado já falar em mais de 10%. Não vejo outra reação para o mercado a não ser ficar bem assustado, uma vez que a equipe do ministro Paulo Guedes fala que não tem plano B e o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, dizer aos senadores que, sem a aprovação da PEC, há o risco de o governo decretar um novo estado de calamidade pública às vésperas do primeiro turno. Esse estado de calamidade novo ou a prorrogação do auxilio emergencial pode colocar as contas públicas fora de controle.
As incertezas são sobre o tamanho do estrago no final da história com um auxilio permanente e sem fonte permanente de receita. O governo poderá ser obrigado a reajustar todo ano, pela inflação (INPC) os valores do benefício do Auxilio Brasil.
Não é só a PEC passar e, pronto, está tudo resolvido, acho que o problema fiscal brasileiro no curto prazo não está somente amarrado à PEC. Ele está na baixa confiança de agentes econômicos no comprometimento do governo com o teto fiscal.
Ontem outro componente que fortaleceu o dólar foi a fuga de capitais da Turquia. A lira turca chegou a despencar 15% ontem, em seu segundo pior dia de história, depois de o presidente do país, Tayyip Erdogan, defender os recentes e acentuados cortes nas taxas de juros e prometer vencer sua "guerra econômica pela independência", apesar de críticas e apelos generalizados para reverter o curso.
Hoje sai o CAGED, índice de evolução do emprego no Brasil e a confiança do consumidor. Nos EUA, PIB trimestral, os pedidos iniciais por seguro-desemprego e a Ata do Fomc, que é o principal da agenda.
Novamente falando em inflação, que se desvia dos objetivos e pede uma ação mais agressiva da política monetária, o mercado vai derrubando as estimativas para o PIB 2022.
Amanhã, feriado nos EUA, aqui reunião do Conselho Monetário Nacional, IPCA-15, na Europa BCE publica a ata da reunião de política monetária.