Na sexta-feira foi dia de feriado no Brasil e mercado de câmbio não abriu, a variante delta continua assombrando o mundo trazendo cautela quanto à força da retomada econômica. Em momentos de incerteza ativos com o ouro e o dólar são o porto seguro do investidor.
O barulho político esta ainda maior por conta de boatos de envolvimento de militares no escândalo das vacinas, fazendo com que as incertezas dos investidores se ampliem ainda mais.
A briga pela alteração na alíquota de tributação sobre os lucros e dividendos continua no radar e pode ser que a taxação seja de 15% ao invés dos 20% propostos inicialmente, mas suba a faixa de isenção para 30, 40 ou até 50 mil por mês. Guedes continua resistente a mudanças porque depende destes recursos para o novo Bolsa Família. A pressa de votar este texto antes do feriado se esvaiu, pois o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) disse que não votará o texto até que esteja maduro e discutido e com distorções corrigidas.
Também esta bastante preocupante por parte dos congressistas o novo crédito para bancar a renovação do auxilio emergencial.
A ordem de prisão contra Roberto Dias na CPI da Covid pode ter sido um tiro no pé da comissão, afinal os próximos depoentes podem ficar em silêncio. Após pagamento de fiança, o ex-diretor do Ministério da Saúde foi solto, na mesma noite.
IPCA de junho desacelera alta para 0,53% em junho e sobe 8,35% em 12 meses. A vilã do mês foi novamente a energia elétrica, com alta de 1,95%. Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses fica ainda mais acima do teto da meta do governo para o ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para reajustes salariais, desacelerou para 0,60% em junho, ficando abaixo do resultado de maio (0,96%). No ano, o indicador acumula alta de 3,95% e, em 12 meses, de 9,22%.
A ata do Federal Reserve não trouxe novidades e veio com um tom menos hawkish, o que esvaziaria um pouco a pressão no câmbio. Nesta ata, ainda vemos que o progresso substancial que se deseja ver na economia americana ainda não foi alcançado e descartou o risco de antecipação do tapering. A discussão da retirada dos estímulos está sendo debatida sim, mas sem cronograma definido. Além disso, o fluxo cambial com entrada de US$ 1,658 bilhão na semana passada também seria componente de alivio para o real, mas a política interna realmente não está deixando.
Na Europa, a presidente do banco central, Christine Lagarde, anunciou o resultado da revisão estratégica da política monetária e passará a adotar meta de inflação de 2% no médio prazo. A meta para a inflação era abaixo de 2% anteriormente. O BCE também confirmou que as taxas de juros continuam sendo seu principal instrumento de política monetária, acrescentando que orientações futuras, compras de ativos e operações de refinanciamento de longo prazo continuarão fazendo parte de sua "caixa de ferramentas" e serão utilizadas conforme a necessidade. Nos EUA, os pedidos iniciais por seguro-desemprego aumentaram para 373 mil, dado pior do que o esperado.
A China também contribuiu para os maiores temores do mercado: autoridades chinesas sinalizaram que podem em breve injetar mais estímulo na economia, uma mudança de tom inesperada indicando que a recuperação mais rápida do mundo pode ser mais fraca do que parece.
Para hoje, como sempre, temos o Boletim Focus, que deve trazer os impactos da crise hídrica e da tensão política nos dados divulgados.
A volatilidade do dólar se mantém e a tensão política se encarrega de puxar durante o dia o dólar para os picos. As altas seguidas do dólar em julho já devolveram toda a queda de junho.
Os mercados internacionais estão apresentando um movimento claro de aversão a ativos de risco. Entre os motores dessa tendência estão um cenário de crescimento mundial mais brando no segundo semestre e a disseminação da variante Delta do coronavírus.