Para começar esta análise, vamos olhar para a cotação do dólar. A moeda fechou a semana cotado a R$ 4,9427 para venda, alta de 2,86% semanal e 3,81% mensal. No ano, a moeda está em baixa de 11,36%.
A semana também foi marcada por saída de investidores estrangeiros da bolsa doméstica e pela divulgação de dados do fluxo cambial em março, revelando saldo negativo de US$ 4 bilhões pelo canal financeiro, um atestado da diminuição do apetite externo por ativos locais. Isso pode mudar com a nova Selic desta semana.
Esta semana será de muita volatilidade, pelo menos até quarta-feira, quando serão definidas as taxas de juros dos EUA (com mercado aberto aqui) e do Brasil (após fechamento dos negócios de quarta).
Ambas vão subir e isso é fato, a questão maior aqui é se vão aumentar acima ou abaixo da expectativa do mercado. Você já deve ter ouvido falar que o mercado reage no boato e não necessariamente no fato, então muita atenção às notícias no decorrer da semana. E cautela na tomada de posição, pelo menos até quarta, para estar com as informações das taxas de juros precificadas nas suas análises.
Já está claro que o Fed vai elevar a taxa em 0,50 ponto porcentual. A novidade é que existe a possibilidade de alta de 0,75 ponto.
Podemos considerar que existe uma perspectiva de alta de juros mais intensa e rápida nos Estados Unidos, alimentada por declarações duras do presidente do Fed. E isso faz com que o investidor corra para o dólar (sobe o preço da moeda americana aqui).
A escalada da guerra na Ucrânia, aumento das tensões entre Ocidente e Rússia e temores de uma desaceleração mais forte da economia chinesa, dadas as medidas restritivas para conter a Covid-19, também dão força ao dólar.
Ainda temos um dos cenários desafiadores para o câmbio, que seria a perspectiva de que as políticas monetárias brasileiras e norte-americana tomem direções diferentes e desfavoráveis à taxa de câmbio brasileira. No caso do Fed, acelerar o ritmo de aumento de juros num momento em que o Banco Central do Brasil caminha para parar o ciclo de restrição monetária.
Para finalizar, a minha visão é que de um lado há uma desaceleração do fluxo de recursos estrangeiros para ativos locais, em meio ao ambiente externo mais conturbado. Do outro, contudo, a taxa real de juros gorda e o diferencial entre juros internos e externos elevados, mesmo com a possibilidade de postura mais dura do Fed e fim do ciclo de aperto doméstico, dão certa sustentação ao real ao tornar caras posições compradas em dólar. Mas, como no câmbio nada é certo, vamos acompanhar as notícias e as decisões. Além, é claro, da disputa eleitoral, guerra e Covid.
O que não falta é emoção na semana!