A volatilidade de ontem foi grande, por um lado o dólar renovou mínima no mercado à vista e rompeu o piso de R$ 5,00 com sinais de ingressos de fluxo cambial, afinal nossos juros passam a ser extremamente atrativos ante os juros dos Estados Unidos, tanto para quem for entrar na renda fixa (com aumento da Selic e provavelmente mais aumento nas próximas reuniões) quanto para a bolsa brasileira, que tem renovado recordes de alta. A moeda americana ficou abaixo do patamar dos R$ 5,00 pela primeira vez desde junho de 2020. A marcação mínima foi registrada por volta das 12h, com o dólar cotado a R$ 4,994.
Mas nem tudo são flores, às 15 horas o Federal Reserve manteve inalterada a taxa de juro no intervalo entre 0% e 0,25%, e o ritmo de aquisições programa de compra de ativos, apesar da inflação nos Estados Unidos ter subido para 5% em maio. Até aí tudo dentro do esperado, a “surpresa” foi o comunicado, no qual as novas projeções apontam para uma maioria das 11 autoridades do banco central programando um aumento de pelo menos dois quartos de ponto percentual nas taxas de juros para 2023, mesmo com as autoridades prometendo manter a política de estímulos para encorajar uma recuperação contínua dos empregos.
Mercado decolou, trazendo o dólar a vista para mais de R$ 5,0823. Em resumo, os dados de inflação chegaram mais rápido do que as autoridades esperavam, e as expectativas dos consumidores e do mercado para a inflação futura aumentaram. Os empregadores têm contratado mais devagar e as vagas são abundantes, mas leva tempo para os trabalhadores chegarem a elas. “O atual surto de inflação que vimos reflete as dificuldades de reabrir uma economia que foi fechada”, disse Janet Yellen. Os rendimentos dos títulos do governo dos EUA aumentaram na quarta-feira, depois que o Federal Reserve sinalizou que espera aumentar as taxas de juros antes do previsto.
Assim como deve ocorrer em todos os países, o Fed disse que a economia irá depender "significativamente" do curso do vírus. Progressos na vacinação devem continuar a reduzir os efeitos da crise de saúde pública na economia, "mas os riscos para o cenário econômico permanecem. Depois do impacto de alta que o comunicado causou, o câmbio ficou operando em torno de R$ 5,055 fechando em R$ 5,06 em compasso de espera do Copom após o fechamento do mercado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 3,50% para 4,25% ao ano, no terceiro aumento consecutivo de mesma magnitude. Essa decisão veio em linha com as expectativas gerais.
Em comunicado, o BC indicou que deve seguir elevando a taxa Selic na próxima reunião, marcada para os dias 3 e 4 de agosto. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude. Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação".
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Devido ao otimismo com uma retomada da economia diante do avanço da vacinação, gestores elevaram suas apostas para o desempenho da atividade econômica este ano. A mediana das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 subiu de 3,28% para 5,30%.
Com relação às projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), houve piora nas estimativas, com a expectativa para 2021 elevada de 5,10%, em maio, para 6,00%, em junho.
Já no mercado de câmbio, com o quadro positivo para a moeda local, observamos que a maior parte dos fundos reduziu posição a favor do dólar.
Ontem, foi mal recebia no mercado local a notícia de que a China planeja liberar a venda de parte das reservas nacionais dos principais metais industriais, à medida que as autoridades intensificam os esforços para conter a alta das commodities, que tem pressionado a inflação em meio à retomada da atividade econômica global.
Agora, é acompanhar o ritmo da vacinação tanto aqui quanto no exterior e dessa forma ter uma visão mais certeira da abertura do comércio e retomada de um ritmo maior para a economia.
A agenda no Brasil hoje está vazia de eventos econômicos. Na Europa, hoje teremos IPC anual e mensal maio. Nos EUA os pedidos iniciais por seguro-desemprego e, às 11 horas, a declaração do presidente do banco central.