E o cenário político continua caótico. Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Senado nesta sexta-feira um pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes, adicionando mais um capítulo à crise institucional entre os Poderes. Ainda que não dê em nada, isso só traz mais insegurança para a economia.
Pelo lado bom temos que o presidente vetou o trecho da proposta que ampliava o montante a ser repassado a fundo de financiamento eleitoral na LDO para 2022.
Na semana passada, o dólar ficou muito volátil e chegou a bater R$ 5,4765, mas fechou a R$ 5,385. A moeda acumulou firme alta na semana, fuga do risco diante do aumento do burburinho político-fiscal doméstico e da leitura de que os EUA podem cortar estímulos antes do esperado. Como sempre digo, em crises existe uma busca por dólar que é considerado um ativo de segurança.
No exterior, o dólar ensaiou um ajuste de baixa no fechamento da semana e o índice da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas recuou 0,14% na sexta feira. Em agosto, a moeda à vista ganha 3,39%, elevando a alta no ano para 3,73%.
No câmbio, deveremos ter continua pressão sobre o real nesta semana. A razão entre preços de exportação e importação sofreu um tombo com as fortes quedas do minério de ferro e já dá pouco suporte à taxa de câmbio.
Muitos estão abandonando as posições de alta no real em benefício da renda fixa.
No ambiente externo está cada vez mais intenso debate sobre quando os EUA cortarão os estímulos monetários e se será ainda ainda neste ano.
Essa semana será de cautela com os investidores à espera do simpósio anual do Federal Reserve de Kansas City de Jackson Hole, que este ano será realizado online novamente em virtude da pandemia. O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, falará na sexta-feira e poderá oferecer pistas sobre o futuro dos estímulos monetários.
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Por aqui, ainda há muitas dúvidas sobre a acomodação do pagamento dos precatórios, da ordem de R$ 90 bilhões, reforma do Imposto de Renda e reajuste do Bolsa Família (rebatizado de Auxílio Brasil). O que deixa receio sobre o furo do teto e uma maior percepção de risco.
O esperado é uma semana conservadora e ainda com muita volatilidade devido aos embates e tensões políticas.
Atenção, pois o real desvalorizado encarece insumos importados e promove um aumento generalizado de preços, pressionando a inflação e reduzindo o poder de compra dos salários. Nos 12 meses até julho, o IGP-M, índice de inflação que leva em consideração os preços pagos por consumidores e produtores, acumula alta impressionante de 33,83%.