Os dados de inflação nos EUA geralmente trazem volatilidade aos mercados logo após sua divulgação nesse período em que o nível de preço está em seu patamar mais elevado nas últimas 4 décadas. E hoje não foi diferente.
Antes de avaliarmos o impacto do resultado da inflação ao consumidor dos EUA acima do esperado pelo mercado, vamos verificar a região na qual o dólar é negociado em relação ao real, o foco do nosso texto.
A semana começou com as negociações do dólar futuro bastante mornas por conta do feriado chinês na segunda-feira, com um leilão de abertura que conseguiu derrubar a cotação abaixo da mínima de todo o mês de setembro, quase 40 pontos abaixo do fechamento de sexta feira (09), terminando o primeiro dia da semana cotada a R$ 5,0930.
Assim, o dólar futuro negociava em uma região de R$ 5, com sua cotação mais baixa na última semana de agosto chegando a 5,012 e a maior em 5,300 na primeira semana do mesmo mês. Isso sugere que o mercado estava ficando confortável nessa região de preço, pelo menos até os dados econômicos importantíssimos que foram divulgados hoje.
Na última vez que tivemos a divulgação deste dado econômico (10/08), com um número abaixo do esperado, o mercado realizou movimento de forte baixa em poucos minutos, chegando a perder 100 pontos, deixando a região de 5.165 e alcançando a marca de 5.065. Este último divulgado não foi diferente, 90 pontos em 10 minutos de negociações em uma forte valorização da moeda americana saindo da região de 5,110 e alcançando a importante marca de 5,200.
Mas então, com os atuais resultados completamente diferentes na inflação dos EUA de terça feira, o dólar embarca possivelmente para outra jornada?
Antes desta tão importante divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Americano, o dólar parecia ter um direcionamento ao preço referência de R$ 5,000, no entanto, uma distorção no resultado da inflação americana, distante do valor esperado de -0,1%, foi o gatilho para fortíssimas correções e tendências na cotação. Investidores estrangeiros até então pareciam estar cautelosos, não se posicionando em grandes quantidades do contrato futuro de dólar vendidos ou comprados.
Fato é que, apesar de tantos riscos que impactam na cotação do real frente ao dólar, como guerra entre Rússia e Ucrânia, forte desaceleração no crescimento econômico dos EUA, riscos fiscais internos sempre no radar, inflação na zona do Euro e eleições apimentadas, a moeda americana ainda se mostrava resiliente a faixas de preço que vinham sendo testadas como o 5,310, 5,250, 5,200 e agora o 5,140, além de as mínimas recentes em 5,065.
Por fim, um resultado de inflação distante da projeção de mercado como este último (13/09) certamente é capaz de colocar as negociações do dólar em um trilho que levará a patamares há muito tempo não negociados, principalmente se sustentando acima de 5,200, marcando início a uma possível montagem de posição dos investidores estrangeiros no mercado futuro de dólar, aguardando mais adiante a decisão da taxa de juros dos EUA.
Colaboração: Marcos Alexandre Pinto