A questão da PEC dos Precatórios tem sido o calo no sapato dos investidores. Parece que o ministro da Economia Paulo Guedes está tendendo a pagar apenas R$ 39 bilhões enquanto o restante poderia ser pago como despesa extraordinária como, por exemplo, as vacinas. Segue a novela. Caiu mal no mercado o pedido desesperado de socorro de Guedes ao STF. A falta de solução causa muita apreensão nos investidores. E outras fontes dizem que ganhou força na área jurídica do governo a proposta de quitar os precatórios em sua totalidade, retirando essa despesa do teto de gastos e obviamente pressionando a dívida pública. Há ainda outra proposta apresentada pelo vice-presidente da Câmara, que tira os precatórios da regra fiscal e estabelece um novo teto, mais baixo, subtraindo o valor correspondente do limite, que seria recalculado a partir de 2016, ano anterior a entrada da regra fiscal. A proposta do governo sob a ótica do credor é um calote e sob a ótica fiscal, uma pedalada. Sem desfecho para este tema e sendo ele decisivo para o Bolsa Família, com o teto de gastos colocado a prova e as voltas com a inflação acelerando, fica difícil o mercado ficar otimista.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou ontem que o Congresso vai tentar encontrar uma solução para a questão dos precatórios na próxima semana, mas que isso deverá ser feito dentro do teto de gastos. De acordo com o senador, a solução terá que vir com três pontos centrais: o pagamento dos precatórios, que é uma dívida vencida da União, a abertura de espaço fiscal para melhoria dos programas sociais, e dentro do espaço permitido pelo teto de gastos.
IGP-10 recua 0,37% em setembro, perante projeção de queda de 0,57% depois de subir 1,18% em agosto. O índice acumula alta de 16,44% no ano e de 26,84% em 12 meses. O recuo se deve principalmente ao minério de ferro, cujo preço caiu 22,17%.
Ontem, o Boletim Macrofiscal do Ministério da Economia divulgou que a expectativa de inflação subiu de 5,90% para 7,90%, valor bem acima do teto de 5,25% fixado pelo sistema de metas. O Ministério da Economia manteve em 5,3% a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, o Ministério da Economia elevou sua projeção de 5,90% para 7,90% em 2021.
Mercado já sente a pressão da alta nos combustíveis refletindo no preço dos fretes.
Bancos elevaram em cerca de 1 ponto as taxas para financiamento imobiliário antecipando-se assim a reunião do Copom.
Girando pela Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que a economia da zona do euro está se recuperando mais rápido do que o esperado há apenas seis meses, devido principalmente à rápida campanha de vacinação que permitiu a reabertura da economia. A expectativa agora é de que o PIB combinado dos 19 países que usam o euro deve retornar ao nível pré-crise antes do final do ano, mesmo que a tendência de crescimento ainda precise ser retomada totalmente.
Nos EUA, as vendas no varejo de agosto tiveram uma alta inesperada, provavelmente impulsionada pelas compras de volta às aulas e pagamentos de crédito fiscal infantil do governo, o que pode reduzir as expectativas de uma desaceleração acentuada no crescimento econômico no terceiro trimestre. As vendas no varejo subiram 0,7% no mês passado. Mercados seguem de olho na força de trabalho americana, em linha com as expectativas para as reduções de estímulos do Fed. Os EUA registraram 332 mil pedidos iniciais por seguro-desemprego na última semana, acima dos 312 mil registrados na semana anterior.
Agora aguardemos a reunião do Copom semana que vem. Os encontros do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve acontecerão ambos nos dias 21 e 22 de setembro. Os investidores globais ficarão atentos a qualquer sinalização do Fed sobre o futuro de seu programa de compra de ativos, e, por aqui, o foco está no ritmo de elevação da taxa Selic.