Agricultores brasileiros estão avançando nas vendas antecipadas da safra de soja 2024-25 mais rapidamente do que no ano anterior, incentivados pelo enfraquecimento do real e por temores de uma possível queda de preços devido ao excesso de oferta global.
A atual safra da oleaginosa estava, aproximadamente, 33pc vendida no fim de novembro, estimam participantes de mercado. Isso representa 54,8 milhões de toneladas (t) das 166,2 milhões de t projetadas para a temporada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A safra 2023-24 foi 28pc negociada no mesmo período em 2023 com base nas estimativas da Conab de dezembro de 2023. No entanto, os números finais consolidados para a safra 2023-24 divulgados em setembro de 2024 fixam a produção em 147,7 milhões de t, o que significa que quase 31pc foi vendido na mesma época no ano passado.
Um dos principais fatores que impulsionaram as negociações nas últimas semanas foi a tendência de enfraquecimento do real em relação ao dólar. Como agricultores geralmente recebem o pagamento por suas vendas na moeda norte-americana, a depreciação anual de 20pc do real se torna um ganho econômico para eles.
Em 30 de novembro, a taxa de câmbio fechou acima de R$6,00 pela primeira vez na história e tem ficado nessa faixa desde então.
Uma parte dos produtores também se preocupa com os impactos de uma produção recorde sobre os preços. Durante os meses de colheita da safra 2022-23 – que detém o atual recorde nacional em 154,6 milhões de t –, os preços domésticos e diferenciais portuários da soja caíram acentuadamente, e ainda não voltaram aos níveis alcançados em ciclos anteriores.
Participantes de mercado mais otimistas projetam a produção da safra 2024-25 em até 175 milhões de t, um cenário provável de se concretizar, caso as condições climáticas permaneçam favoráveis na maioria dos principais estados produtores. Isso pode levar a outra tendência de queda de preços durante os meses de colheita. As baixas podem ser mais intensas entre fevereiro e março, quando a maioria das áreas deve ser colhida.
Mas essas preocupações não foram suficientes para compensar a redução sazonal no ritmo de vendas. Nesta época do ano, agricultores costumam adiar as negociações para o ano seguinte, de olho na menor demanda doméstica, já que fábricas dos setores de biocombustíveis, ração animal e alimentos costumam parar para manutenção em dezembro. As negociações avançaram 6,6 milhões de t em novembro, abaixo de 8,3 milhões de t vendidas durante outubro.
Quanto à safra 2023-24, as vendas estão quase finalizadas em 92pc das 147,4 milhões de t produzidas no ciclo, 3 pontos percentuais acima do mesmo período um ano atrás. Isso está, aproximadamente, em linha com o total vendido neste momento no ano passado para a temporada 2022-23 e a média para o fim de novembro.