- O Índice Dólar supera 107, nível mais alto desde 2002.
- Com o euro se aproximando da paridade com o dólar, a moeda americana passa a pressionar os lucros corporativos nesta temporada de balanços.
- As ações que citarem oscilações cambiais desfavoráveis podem receber uma colher de chá dos investidores, ao passo que LPAs abaixo das expectativas devido a uma demanda fraca dos consumidores provavelmente gerarão reações mais adversas nos preços.
A temporada de balanços começa a todo vapor na quinta-feira, quando o JPMorgan Chase (NYSE:JPM) apresenta seus resultados do 2º tri em Wall Street. Outros grandes bancos e corretoras divulgam seus balanços à tarde e na manhã de sexta-feira. A semana de 25 de julho, no entanto, pode ser mais importante, pois é quando as grandes empresas de tecnologia divulgam seus números de LPA e emitem suas projeções. Entre os maiores obstáculos a partir do 2º tri, sem dúvida, está a disparada do dólar. O DXY já subiu impressionantes 18% desde meados do segundo trimestre do ano passado. O Índice Dólar atingiu seu patamar mais elevado desde o fim de 2002, à medida que o EUR/USD se aproximam da paridade.
{{news-1016715||LEIA MAIS: Dólar “muito forte” é obstáculo para resultados corporativos, alerta Morgan Stanley} }
Índice Dólar: Máxima de 20 anos
Fonte: Investing.com
A moeda americana subiu drasticamente nos últimos 14 meses. Desde meados do 2º tri do ano passado, o fundo Invesco DB US Dollar Index Bullish (NYSE:UUP) acumula alta de 20%. Nesse ínterim, as ações passaram a enfrentar dificuldades, como o SPDR® S&P 500 (NYSE:SPY) caindo mais de 5% (incluindo dividendos), enquanto as ações mundiais, excluindo EUA, cedem enormes 19%. As ações estrangeiras geralmente têm um desempenho mais baixo quando o USD se valoriza.
Dólar se valoriza 20% desde meados do 2º tri de 2021
Fonte: Stockcharts.com
Para as empresas americanas, no entanto, o aumento das vendas no exterior significa um impacto cambial maior em um ambiente de dólar valorizado. A previsão da FactSet para o crescimento dos lucros no 2º tri é melhor para empresas que fazem negócios principalmente dentro dos Estados Unidos. A expectativa é de redução dos lucros das empresas com uma porcentagem relativamente alta de vendas fora dos EUA.
FactSet: mais vendas no exterior significam lucros mais fracos para as empresas do S&P 500
Fonte: FactSet
Indo mais a fundo, os analistas do Bank of America Global Research estimam que, se tirarmos os voláteis setores de energia e serviços financeiros (e o setor de utilidade pública, bastante local), o grupo de empresas com vendas no exterior na faixa de 25% a 50% registrará o pior crescimento de resultados em comparação com o 2º tri do ano passado. As empresas com exposição menor que 25% a vendas no exterior são as que devem registrar o melhor aumento no LPA.
BofA (NYSE:BAC): maior crescimento do LPA entre as empresas americanas (excluindo energia, finanças e utilidade pública)
Fonte: BofA Global Research
Com o dólar nas máximas geracionais, acredito que as empresas possam receber uma colher de chá dos investidores caso os resultados sejam afetados somente por causa do USD mais valorizado. Em geral, as oscilações cambiais costumam se reverter à média: quando uma moeda sobe, tende a recuar nos anos seguintes. O que realmente importa nesta temporada de balanços será a execução das grandes empresas e como os consumidores estão se comportando.
Minha expectativa é ver uma moderada reação nas ações após os resultados, caso a empresa em questão diga que ficou abaixo das previsões de lucro devido a oscilações desfavoráveis nas taxas de câmbio. Por outro lado, empresas que citem problemas de estoques e enfraquecimento da demanda devem receber um baque maior.
Conclusão
Muitas questões estão em jogo em uma das temporadas de balanços mais importantes dos últimos anos. Será que as empresas colocarão tudo em jogo no trimestre e diminuirão suas projeções de lucro para reduzir a base de comparação para o resto do ano? É possível. Também podem mencionar a disparada do dólar como razão para um lucro líquido levemente mais baixo. O lado positivo é que, se a moeda americana recuar nos próximos anos, pode acabar favorecendo os lucros das grandes multinacionais.
Aviso: Não tenho posições nas moedas mencionadas neste artigo.