- Inflação mais branda nos EUA e vendas mais fortes no varejo devem fazer com que o Fed mantenha uma postura rígida.
- O Índice Dólar acima de 103 pode fazer o ouro recuar para US$ 1.846.
- Se o dólar perder o patamar de 103, é possível que o ouro retome o nível de US$ 1.960.
- DX mais forte - Acima de 103
- Ouro mais fraco - Rumo a US$1.846
- DX mais fraco - Abaixo de 103
- Ouro mais forte - Rumo (BVMF:RAIL3) a US$1.960
Algumas semanas atrás, sem levar em conta os índices de inflação de julho nos EUA, dissemos que a força do dólar poderia fazer o ouro cair abaixo do importante nível de suporte de US$ 1.900 por onça.
O preço spot, que usa o código XAU e acompanha as negociações em tempo real do metal, estava se recuperando da mínima de um mês abaixo de 1.922 dólares. Alguns operadores do ouro dão mais atenção ao XAU do que aos contratos futuros, que usam o código GC.
O aumento anual de 3,2% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos EUA em julho quase não teve impacto na recuperação do dólar desde as mínimas de 15 meses.
O Índice Dólar (DX) chegou a 99,22 em 18 de julho, seu menor nível desde abril de 2022, e agora está em torno de 103.
Todos os gráficos são de SKCharting.com, com dados do Investing.com
O XAU, por sua vez, ficou abaixo de 1.897 dólares nas últimas 24 horas, atingindo sua mínima desde 29 de junho. No mercado futuro, o contrato do GC com vencimento mais próximo na Comex de Nova York estava perto do preço spot, caindo para 1.895 dólares na terça-feira, 15.
No momento da redação, o ouro para dezembro voltou para cerca de US$ 1.935, mas o XAU estava abaixo de US$ 1.905. A vulnerabilidade do preço spot a uma nova queda abaixo de US$ 1.900 faz com que ele seja mais observado do que os futuros.
Contexto: por que o DX pode continuar subindo no curto prazo, prejudicando o XAU
Embora os dados do IPC de julho tenham gerado mais dúvidas do que esclarecido como o Federal Reserve poderia reagir às últimas leituras de inflação dos EUA, as vendas no varejo no mês passado emitiram um sinal mais forte de aperto monetário para o banco central americano.
De fato, os números superaram as previsões, crescendo o dobro em julho em relação a junho, segundo dados do Departamento de Comércio divulgados na terça-feira, o que também elevou as expectativas de que o Federal Reserve considere outra alta de juros em setembro para conter a pressão inflacionária.
Os gastos dos consumidores representam pelo menos 70% da economia dos EUA, e as compras de alimentos, combustíveis e mercadorias contribuem bastante para a inflação, além dos salários.
As vendas no varejo aumentaram 0,7% em julho, em comparação com uma expansão de 0,3% em junho, de acordo com o Departamento de Comércio. Economistas em Wall Street esperavam um crescimento de apenas 0,4% no mês passado.
“A leitura mais alta… marca o quarto mês consecutivo de ganhos e destaca a contínua força do consumidor dos EUA”, destacou o economista Adam Button em uma publicação no fórum ForexLive.
A demanda por bens, alimentos e outros itens tem se mantido firme entre os americanos, apesar dos aumentos agressivos nas taxas de juros pelo Fed para conter a inflação. O banco central do país empreendeu o maior ciclo de alta de juros em 22 anos, elevando as taxas para 5,25% em apenas 18 meses, em relação à última mínima de 0,25%.
A próxima decisão do Fed sobre as taxas de juros ocorrerá em 20 de setembro. Após os dados de vendas no varejo de julho, a expectativa entre os traders de outro aumento de 0,25% no próximo mês estava em 12%, em comparação com uma previsão anterior abaixo de 10%. O banco central americano afirmou que processará muito mais dados nas próximas seis semanas antes da decisão de setembro.
O Fed identificou que o crescimento robusto do emprego e os salários mais altos, juntamente com trilhões de dólares gastos para combater a pandemia em 2020, são os responsáveis pelo pico da inflação no ano passado. Embora os gastos relacionados à pandemia tenham terminado, a resiliência do mercado de trabalho e dos salários vem alimentando a inflação, o que pode levar o Fed a continuar aumentando as taxas de juros.
Mesmo que o crescimento anual de 3% no IPC em julho tenha sido o menor em dois anos, o índice seguia bem acima da meta de 2% ao ano do Fed.
O DX permanecia próximo da máxima de um mês e meio na quarta-feira, 16, recuperando-se rapidamente das mínimas de 2023 ao longo do último mês.
Mesmo que o Fed não eleve mais os juros, a expectativa é que as taxas permaneçam em níveis elevados até pelo menos meados de 2024, o que dificulta a vida do ouro e de outros ativos que não geram rendimento.
Cenários para o dólar e o ouro
O DX e o XAU se comportaram como havíamos previsto e agora projetamos que o ouro, a partir de agora, deve enfrentar desafios na faixa intermediária dos US$1.800.
A seguir, apresentamos os cenários para o dólar e o ouro spot, com base na análise técnica do estrategista Sunil Kumar Dixit, do SKCharting.com:
Cenário 1:
Se a força atual do Índice do Dólar continuar acima de 103, os ganhos podem se estender para a próxima resistência em 104,10 e 104,50.
Enquanto o ouro mantiver a estabilidade abaixo do nível de resistência imediata de US$1.910 e especialmente abaixo de US$1.920, o fortalecimento do dólar manterá o metal precioso sob pressão, levando os preços abaixo da Média Móvel Simples de 200 dias de US$1.896. O XAU permanece suscetível a uma queda adicional para US$1.888-US$1.875, seguida do alvo na metade da Banda de Bollinger mensal de US$1.850 e a Média Móvel Exponencial de 100 semanas a US$1.846.
Cenário 2:
Se o Índice do Dólar consolidar abaixo de 103, podemos esperar uma queda adicional para 102 e 101,50.
Enquanto o metal amarelo mantiver a estabilidade acima de US$1.896, que corresponde à Média Móvel Simples de 200 dias, assim como a Média Móvel Exponencial de 50 semanas, esperamos um repique de curto prazo em direção à resistência inicial de US$1.910.
Acima disso, o nível mais importante e US$1.920, que seria uma barreira crítica a ser superada para a retomada da tendência de alta. O alvo seria um reteste da Média Móvel Exponencial de 50 dias de US$1.940, seguido de um teste da metade da Banda de Bollinger semanal a US$1.960, o que poderia reverter a tendência.
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Aviso: O conteúdo deste artigo é puramente educativo e não representa qualquer recomendação de compra ou venda de qualquer ativo tratado. O autor Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve. Ele geralmente utiliza uma variedade de visões além da sua para promover a diversidade da análise de qualquer mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias./ Tradução de Julio Alves.