Há exatas duas semanas a Disney (NYSE:DIS) (SA:DISB34) parecia estar mais próxima para quem gostaria de ir com o dólar mais barato. Naquele momento, o dólar trabalhava na casa dos R$ 4,90.
Vimos alguns analistas (a grande maioria como sempre) se deixando levar por um momento pontual de entrada de fluxo cambial, levando isso como se fosse uma mudança de cenário perene. Pois bem, desde 2019 e principalmente em 2020, mesmo com a Bolsa voltando fortemente para suas máximas históricas, o dólar apresentou movimentação direcional para cima, tendo encostado perto dos R$ 6,00. Isso por vários motivos, e a taxa de juros indo para mínima histórica é um deles, pois isso, além de rentabilizar bem menos os interessados em investir em real, matou a tão atrativa operação de cashing carry que os estrangeiros tanto gostavam de fazer aqui no Brasil.
O cenário brasileiro, seja pela taxa de juros baixas, (está em tendência de alta, porém ainda em níveis baixos que compensem o risco/retorno) continua não sendo atrativo para investimentos a longo prazo. Processos como privatizações e reformas estruturais, que eram esperados, não saíram do papel, e com a CPI da COVID e tantos pontos negativos atingindo o governo, não devem sair neste ano, que dirá em 2022, que é ano de eleições presidenciais.
Existem outros pontos também que corroboram com as incertezas por aqui. Um exemplo é o possível racionamento que terá de ser feito pela população e produtores por conta da baixa quantidade de reserva hídrica no país, e isso em um ano em que o foco deveria ser "acelerar" para buscar o tempo perdido pelo auge da pandemia em 2020. Além disso, a cotação dos barris de petróleo batendo seus maiores patamares desde 2018 pressionam os preços dos derivados de petróleo, trazendo mais pressões inflacionárias para o país. Já trabalhamos com expectativas inflacionárias acima do teto, aproximadamente 7% até o fim do ano.
A racionalidade ao se fazer uma análise "principalmente sobre o comportamento do dólar" precisa sempre fugir dos ânimos pontuais. É preciso levar em consideração o contexto como um todo, e o cenário macro não mudou em nada ao ponto de sinalizar uma mudança de tendência para o câmbio, como sinalizei nos trechos do texto acima. Por isso que a frase que diz "O dólar foi criado para humilhar os analistas" faz muito sentido MAIS UMA VEZ.