Maquiavel está no comando! O velho chavão de quando não se consegue superar o inimigo alia-te a ele parece estar presente!
Há nas entrelinhas que os mercados emergentes tenderiam a adotar o controle de capitais estrangeiros, clara postura defensiva quando a intensidade das saídas se torna uma ameaça a liquidez internacional dos mesmos.
O nosso BC, por seu Presidente, logo sinalizou que não era objetivo do país adotar medidas neste sentido, até porque o Brasil, diferente da grande maioria dos países emergentes têm um considerável volume de reservas cambiais, que já ancoraram a ressaca de 2019 e do início deste ano de ingressos de capitais estrangeiros, e a impressão presente é que resolveu tirar proveito de um contexto que lhe parece desfavorável.
Sinaliza de que dará continuidade a redução da SELIC e com isto impulsiona ainda mais a consistência do viés de alta do preço da moeda americana, podendo até ocorrer a disfuncionalidade da SELIC ficar abaixo do cupom cambial, cria a desconfiança nos especuladores de que permitirá que o câmbio evolua até o ponto em que não afete a inflação, ajudado pelo “crash” do preço do petróleo o insumo de maior impacto nos preços relativos da economia, sabidamente, ancorada num modal de transportes rodoviário.
Se observarmos o fluxo cambial temos neste abril um saldo já irrisório negativo de US$ 1,525 Bi, e até sinalizando que pode se tornar positivo neste mês em que na última semana finda em 17 apresentou saldo positivo de US$ 402,0 M, consequente de positivo comercial de US$ 1,402 Bi e negativo financeiro de US$ 1,0 Bi.
O Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas do mundo e o impacto do dólar nos custos destes produtos não ultrapassa 15%, na média, mas o câmbio elevado agregado à valorização do preço do produto no mercado externo tornam o contexto muitíssimo atraente para o setor e para a balança comercial brasileira.
Por outro lado, neutraliza fortemente a propensão a importar e na retomada deve impulsionar a indústria nacional com demandas acentuadas motivadas pelo preço mais favorável.
A desindustrialização tende a ser desmotivada, pois a saída de capitais habitualmente não hedgiados neste nível de preço de dólar imporá grande perda do investimento, mas o raciocínio inverso é perfeitamente válido pelo barateamento das ações brasileiras, e, então, os sinais iniciais poderão vir pela Bovespa, já que é crível que o país, ainda que demore, retomará o dinamismo da atividade econômica e não oferece risco cambial de falta de liquidez.
A visão externa a respeito do Brasil está bastante volátil e isto se revela pela constante oscilação do CDS que está em 313,4 pontos, ante 356,5 pontos em 24/03 e 91,8 pontos em 20/2, embora tenham se acentuado no período inúmeros riscos como a deterioração fiscal, políticos, depreciação cambial e as projeções severas de recuo do PIB, estas sabidamente na direção certa mas absolutamente empíricas em suas quantificações.
O BC mudou sua estratégia em relação ao mercado de câmbio ao deixar de financiar a liquidez externas dos bancos com linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, mas sofisticando a forma passando a incluir neste swap os títulos soberanos nominados em moedas estrangeiras em poder das instituições nacionais, otimizando o seu risco mais a mudança tem aspectos adicionais.
Por outro lado, continua suprindo a liquidez do mercado à vista com recursos das reservas cambiais a “preços de oportunidade” que qualquer trader almejaria, e com oferta de swaps cambiais tradicionais, ações puramente profiláticas sem a ambição de alterar o curso da formação do preço da moeda americana.
Inegável que a estratégia tende a promover um PIB do agronegócio expressivo, o que será bom para atenuar a queda nos outros segmentos, e poderá até atrair recursos para a BOVESPA seja para o cotidiano de papéis tradicionais, bem como viabilizando algumas IPO’s pela oportunidade do barateamento relativo dos preços face ao câmbio elevado.
É um momento interessante para observar e a constatação poderá ser que o país poderá tirar do momento que envolve inúmeros desajustes relativos proveitos, fazendo do “limão uma limonada”.